São Paulo, sábado, 4 de julho de 1998

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"Nós estamos mais ricos', comemora ladrão

da Reportagem Local

"Deu tudo certo. Vocês estão liberados, e nós estamos mais ricos." Assim um dos ladrões se despediu dos familiares dos funcionários da Transpev que eram mantidos como reféns.
Os ladrões que estavam na sede da empresa de transporte de valores passaram um bip para os companheiros que mantinham os reféns num quartinho nos fundos de uma casa. A mensagem dizia que o assalto havia dado certo.
O mesmo ladrão disse aos reféns que eles deveriam permanecer na casa, pois a polícia seria avisada e estaria ali em 30 minutos. Passado esse tempo, o refém Jesse Alves de Vasconcelos, 26, saiu da casa e chamou a PM. A Lapa (zona noroeste) foi vasculhada pela polícia, que não achou os ladrões.
Além das armas, fuzis e submetralhadoras, o grupo usou ainda rádios sintonizados nas frequências de comunicação das Polícias Civil e Militar, telefones celulares, aparelhos de bip e microfone.
Com eles, eles acompanharam o movimento dos reféns e da polícia. Nenhum tiro foi disparado. Ninguém ficou ferido.
A polícia apura a possibilidade de o assalto a Transpev estar ligado a outro roubo ocorrido em Araçatuba (532 km a noroeste de SP) neste ano. Naquela cidade, um grupo de assaltantes invadiu a sede da transportadora de valores Protege e levou R$ 2 milhões.

Sigilo
A Polícia Civil tentou manter em segredo detalhes do assalto, negando à imprensa o acesso ao boletim de ocorrência com as informações sobre o roubo a Transpev.
"Não tenho estrutura nessa delegacia e ainda tenho que cuidar de 90 presos", disse o delegado Pedro José da Silva, do 93º DP, para justificar a decisão.
O delegado se limitou a confirmar a existência do assalto. "Não revelo dados pessoais dos envolvidos", afirmou. Disse também que estava sozinho na delegacia e que havia recebido apoio da Delegacia Geral de Polícia para sua decisão.
O registro do caso causou disputa entre o 93º DP e o Depatri (Departamento Estadual de Investigações sobre Crimes Contra o Patrimônio). Ambos queriam ter primeiro as informações do crime, mas até a noite de ontem não tinham pistas dos criminosos.



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