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Médicos do Ceará aderem a boicote
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Médicos do Ceará aderiram ao
boicote a planos de saúde que não
reajustaram os valores da tabela
de procedimentos médicos. Desde abril, clientes da Bradesco Saúde e da SulAmérica Saúde têm de
pagar pelas consultas. Agora, os
pacientes da Amil e da Blue Life
também precisam pagar R$ 42
para ser atendidos.
Dos 55 planos que prestam serviços no Estado, apenas 19 fecharam acordo com os médicos sobre reajustes. Os demais podem
deixar de ser aceitos pela categoria a partir de setembro, caso não
haja acordo até lá, segundo o presidente da Associação Médica
Cearense, Florentino Cardoso.
"Há uma defasagem muito
grande. Para se ter uma idéia, para fazer uma curetagem, num caso de aborto, que é um procedimento de emergência no qual o
médico tem de sair de casa de madrugada, para prestar um atendimento delicado, e depois retornar
no dia seguinte para acompanhar
o estado de saúde da paciente, o
profissional recebe R$ 50 do plano de saúde. Isso está se tornando
impraticável."
Procedimentos
Cardoso afirma que, além do
reajuste da tabela, é necessária a
inclusão de quase 500 procedimentos novos que não existiam
nas tabelas antigas usadas pelos
planos de saúde, como cirurgia de
redução de estômago.
"Os planos trabalham com uma
tabela de 1992. São 12 anos de diferença, e a medicina evoluiu." O
presidente da associação afirma
que quase todos os 9.000 médicos
do Estado aderiram ao boicote.
Empresas
A Amil divulgou que irá ressarcir os pacientes e que terá uma
nova negociação com as entidades médicas na próxima semana.
Os outros planos que não estão
sendo aceitos no Ceará (Blue Life,
Bradesco Saúde e SulAmérica) foram procurados pela reportagem,
mas não informaram sobre as negociações com os médicos nem
quando seus clientes poderão ter
o atendimento normalizado.
Para ter de volta o dinheiro pago
na consulta, o paciente tem de
apresentar um recibo do médico
na operadora do plano.
Na semana passada, o ministro
da Saúde, Humberto Costa, disse
em Recife que tem procurado ser
"um mediador" ao boicote dos
médicos a seguradoras de saúde.
"Essa é uma relação entre privados, não temos o poder de regular
nem de definir o valor das consultas médicas e dos procedimentos.
Estamos procurando resolver o
problema a partir do processo de
contratualização."
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