São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

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Médicos do Ceará aderem a boicote

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Médicos do Ceará aderiram ao boicote a planos de saúde que não reajustaram os valores da tabela de procedimentos médicos. Desde abril, clientes da Bradesco Saúde e da SulAmérica Saúde têm de pagar pelas consultas. Agora, os pacientes da Amil e da Blue Life também precisam pagar R$ 42 para ser atendidos.
Dos 55 planos que prestam serviços no Estado, apenas 19 fecharam acordo com os médicos sobre reajustes. Os demais podem deixar de ser aceitos pela categoria a partir de setembro, caso não haja acordo até lá, segundo o presidente da Associação Médica Cearense, Florentino Cardoso.
"Há uma defasagem muito grande. Para se ter uma idéia, para fazer uma curetagem, num caso de aborto, que é um procedimento de emergência no qual o médico tem de sair de casa de madrugada, para prestar um atendimento delicado, e depois retornar no dia seguinte para acompanhar o estado de saúde da paciente, o profissional recebe R$ 50 do plano de saúde. Isso está se tornando impraticável."

Procedimentos
Cardoso afirma que, além do reajuste da tabela, é necessária a inclusão de quase 500 procedimentos novos que não existiam nas tabelas antigas usadas pelos planos de saúde, como cirurgia de redução de estômago.
"Os planos trabalham com uma tabela de 1992. São 12 anos de diferença, e a medicina evoluiu." O presidente da associação afirma que quase todos os 9.000 médicos do Estado aderiram ao boicote.

Empresas
A Amil divulgou que irá ressarcir os pacientes e que terá uma nova negociação com as entidades médicas na próxima semana. Os outros planos que não estão sendo aceitos no Ceará (Blue Life, Bradesco Saúde e SulAmérica) foram procurados pela reportagem, mas não informaram sobre as negociações com os médicos nem quando seus clientes poderão ter o atendimento normalizado.
Para ter de volta o dinheiro pago na consulta, o paciente tem de apresentar um recibo do médico na operadora do plano.
Na semana passada, o ministro da Saúde, Humberto Costa, disse em Recife que tem procurado ser "um mediador" ao boicote dos médicos a seguradoras de saúde.
"Essa é uma relação entre privados, não temos o poder de regular nem de definir o valor das consultas médicas e dos procedimentos. Estamos procurando resolver o problema a partir do processo de contratualização."


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