|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARQUITETURA NA MISÉRIA
Projeto urbanístico que segue legado da escola alemã beneficiou a superpovoada Jacarezinho
Bauhaus cria pátio que areja favela do Rio
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Um pátio nos moldes medievais, que criou uma espécie de clareira na superpovoada favela do
Jacarezinho, zona norte do Rio, é
a principal novidade do projeto
Célula Urbana, desenvolvido pela
prefeitura carioca em parceria
com a histórica Fundação Bauhaus-Dessau, da Alemanha.
O resultado de cinco anos de
ação da Bauhaus no Jacarezinho
será conhecido amanhã, quando
se festeja o início das atividades
do prédio de quatro andares projetado por arquitetos alemães e
brasileiros. Ao lado do prédio fica
o pátio; em frente, a reurbanizada
praça da Concórdia.
Desde 1999, técnicos da Bauhaus e da prefeitura estudam em
conjunto a situação do aglomerado urbano com cerca de 60 mil
habitantes.
A Fundação Bauhaus foi criada
sem fins lucrativos em 1994 para
preservar o legado da escola Bauhaus. Base do modernismo que,
desde a criação da escola, em 1919,
passou a vigorar na arquitetura e
nas linhas de produtos industriais, a Bauhaus preconiza a simplicidade nos projetos.
Na favela, quase toda plana, casas e barracos se sobrepõem, chegando a atingir 25 m de altura. As
ligações são corredores estreitos e
poucas ruas de trânsito caótico.
Em conseqüência disso, há
áreas em que a luz do sol não chega e em que inexiste ventilação.
Essa situação tornou o Jacarezinho a comunidade campeã em
doenças pulmonares na região
metropolitana do Rio.
Após a análise da situação, os
enviados da Bauhaus decidiram,
com os especialistas do Célula Urbana -projeto de intervenções
urbanísticas nas favelas-, arejar
a comunidade.
Coordenadora do Célula Urbana, a arquiteta Lu Petersen conta
que, para a abertura do pátio, de
cerca de 1.500 m2, as construções
que abrigavam 48 famílias foram
derrubadas e as cerca de 180 pessoas, transferidas para outros locais da favela.
Depois da abertura da "clareira", os vizinhos fizeram o que passaram décadas sem poder fazer:
abriram janelas e basculantes voltadas para o pátio.
Texto Anterior: Sem água: Obra da prefeitura rompe encanamento Próximo Texto: Presídio sem lei: No Rio, presos matam 8 a pauladas em cela Índice
|