São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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SAÚDE

Principais hospitais da capital não têm como absorver a demanda depois que instituto limitou atendimento pelo SUS

Faltam vagas nos centros que atendem pacientes de câncer

LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pacientes que deixaram de marcar consultas e exames de ultra-sonografia e mamografia no IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer) terão dificuldade para encontrar vagas nos demais hospitais de referência em câncer na cidade de São Paulo.
O IBCC decidiu restringir o atendimento a pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) porque vinha tendo prejuízo. A limitação seguirá o teto fixado no convênio feito em 2003 com a Secretaria Municipal da Saúde, que gerencia a verba repassada pelo Ministério da Saúde. Segundo a diretoria administrativa do hospital, o atendimento além da cota gerava um déficit mensal de R$ 350 mil.
A Secretaria Municipal de Saúde da gestão José Serra (PSDB) informou que pretende fazer uma readequação nos valores dos procedimentos pagos ao hospital para aumentar o número de exames. A assessoria de imprensa do IBCC afirmou que a medida não abrangerá toda a demanda.
Uma estimativa do IBCC aponta que cerca de 5.000 pessoas deixarão de ser atendidas na marcação de consultas e exames. Cerca de 87% dos procedimentos realizados na entidade, um total de 35 mil, são de pacientes do SUS.
Além do problema no IBCC, a dificuldade de atendimento na capital está levando algumas pessoas a procurar unidades do interior, como é o caso do Hospital de Câncer da Fundação Pio 12, em Barretos (424 km a noroeste da capital), que hoje trata 250 pacientes oriundos da capital.
A estudante Aline Aparecida Augusto, 17, moradora de Santo Amaro, é uma dessas pacientes. Seu pai, Francisco Rodrigues, 48, conta que tentou atendimento em pelo menos três unidades da capital e não conseguiu vaga. A moça tem um tumor no quadril, diagnosticado, segundo o pai, como benigno. A família já foi quatro vezes a Barretos. Segundo Rodrigues, o gasto já chega a R$ 1.500.
O Hospital do Câncer, outra referência de São Paulo, já opera no limite e teve déficit operacional de R$ 6,4 milhões em 2004, segundo sua assessoria. Dos 800 novos pacientes que vão ao local todo mês, apenas cerca de 30 são atendidos.
A situação da Santa Casa de Misericórdia, que também atende pacientes com câncer, não é diferente. A entidade diz operar muito além do limite. Segundo a assessoria do órgão, pacientes novos só são atendidos se surgir vaga -quando uma pessoa em tratamento recebe alta ou morre.
Já o Hospital das Clínicas afirmou que atende apenas pacientes de câncer que passaram pelo pronto-socorro da unidade ou que foram encaminhados pelas unidades básicas de saúde.


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