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SAÚDE
Principais hospitais da capital não têm como absorver a demanda depois que instituto limitou atendimento pelo SUS
Faltam vagas nos centros que atendem pacientes de câncer
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pacientes que deixaram de marcar consultas e exames de ultra-sonografia e mamografia no
IBCC (Instituto Brasileiro de
Controle do Câncer) terão dificuldade para encontrar vagas nos demais hospitais de referência em
câncer na cidade de São Paulo.
O IBCC decidiu restringir o
atendimento a pacientes do SUS
(Sistema Único de Saúde) porque
vinha tendo prejuízo. A limitação
seguirá o teto fixado no convênio
feito em 2003 com a Secretaria
Municipal da Saúde, que gerencia
a verba repassada pelo Ministério
da Saúde. Segundo a diretoria administrativa do hospital, o atendimento além da cota gerava um
déficit mensal de R$ 350 mil.
A Secretaria Municipal de Saúde da gestão José Serra (PSDB) informou que pretende fazer uma
readequação nos valores dos procedimentos pagos ao hospital para aumentar o número de exames. A assessoria de imprensa do
IBCC afirmou que a medida não
abrangerá toda a demanda.
Uma estimativa do IBCC aponta que cerca de 5.000 pessoas deixarão de ser atendidas na marcação de consultas e exames. Cerca
de 87% dos procedimentos realizados na entidade, um total de 35
mil, são de pacientes do SUS.
Além do problema no IBCC, a
dificuldade de atendimento na capital está levando algumas pessoas a procurar unidades do interior, como é o caso do Hospital de
Câncer da Fundação Pio 12, em
Barretos (424 km a noroeste da
capital), que hoje trata 250 pacientes oriundos da capital.
A estudante Aline Aparecida
Augusto, 17, moradora de Santo
Amaro, é uma dessas pacientes.
Seu pai, Francisco Rodrigues, 48,
conta que tentou atendimento em
pelo menos três unidades da capital e não conseguiu vaga. A moça
tem um tumor no quadril, diagnosticado, segundo o pai, como
benigno. A família já foi quatro
vezes a Barretos. Segundo Rodrigues, o gasto já chega a R$ 1.500.
O Hospital do Câncer, outra referência de São Paulo, já opera no
limite e teve déficit operacional de
R$ 6,4 milhões em 2004, segundo
sua assessoria. Dos 800 novos pacientes que vão ao local todo mês,
apenas cerca de 30 são atendidos.
A situação da Santa Casa de Misericórdia, que também atende
pacientes com câncer, não é diferente. A entidade diz operar muito além do limite. Segundo a assessoria do órgão, pacientes novos só são atendidos se surgir vaga -quando uma pessoa em tratamento recebe alta ou morre.
Já o Hospital das Clínicas afirmou que atende apenas pacientes
de câncer que passaram pelo
pronto-socorro da unidade ou
que foram encaminhados pelas
unidades básicas de saúde.
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