São Paulo, terça-feira, 04 de agosto de 2009

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Foco

Mãe adotiva, psicóloga afirma que o maior teste é o convívio com a criança

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Assim que aprendeu a falar, Anna Beatriz, 9, adotada com um ano e dez meses, disse que queria ser "partóloga". Agora que já sabe dizer obstetra, ela posa ao lado da mãe adotiva, a psicóloga Anna Christina Cardoso de Mello, 44, com a desinibição de uma modelo.
"Ela é uma típica pré-adolescente. Quando quebrou a perna, foi ao show dos Jonas Brothers de cadeira de rodas", afirma Christina.
Muito à vontade em sua vida de filha única, a garota reage brava quando a mãe pede a ela que pare um pouco a TV, na qual assiste ao seriado "Agente 86". Bia não sente falta de irmãos. "Gosto assim."
Coordenadora de uma equipe de gestão e controle de adoção, Christina já trabalhava no Tribunal de Justiça havia 11 anos quando teve de se submeter ela mesma à avaliação de uma profissional da área.
Depois de três relacionamentos, sem filhos, agora quem queria adotar uma criança era ela. "Gostaria de ter quatro filhos. Mas eu e meu o primeiro parceiro éramos muito jovens; o segundo não queria, e o terceiro já tinha. Eu me dedique a profissão", diz ela, que está solteira.
Christina conta que não passou por aquele que é o maior sofrimento da pretendente à adoção: a espera. "No dia 14 de março eu entrei com o requerimento; 19 de junho já estava com a Bia."
E isso não tem a ver com o fato de ela trabalhar no TJ. "Fui avaliada por colegas de outra Vara, que nem me conheciam. Passei por entrevistas, dinâmicas de grupo e recebi visitas como os outros."
Uma das coisas que agilizaram, segundo Christina, foi o fato de ela não fazer restrições a idade, sexo, cor. "Não queria recém-nascido, como a grande maioria das pessoas."
Christina explica que, na época em que adotou Bia, era possível adiantar o trâmite de antecedentes criminais via Poupatempo. "Depois que um pai adotivo com crimes prescritos matou o filho, quem pede os atestados é o juiz."
Mesmo habituada a avaliar pretendentes, ela diz que o maior teste se dá no dia a dia. "Pais e mães só se revelam no convívio. Não existe tomografia computadorizada para detectar esse pendor", brinca.


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