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Foco
Mãe adotiva, psicóloga afirma que o maior teste é o convívio com a criança
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Assim que aprendeu a falar,
Anna Beatriz, 9, adotada com
um ano e dez meses, disse que
queria ser "partóloga". Agora
que já sabe dizer obstetra, ela
posa ao lado da mãe adotiva, a
psicóloga Anna Christina Cardoso de Mello, 44, com a desinibição de uma modelo.
"Ela é uma típica pré-adolescente. Quando quebrou a
perna, foi ao show dos Jonas
Brothers de cadeira de rodas",
afirma Christina.
Muito à vontade em sua vida de filha única, a garota reage brava quando a mãe pede a
ela que pare um pouco a TV,
na qual assiste ao seriado
"Agente 86". Bia não sente falta de irmãos. "Gosto assim."
Coordenadora de uma equipe de gestão e controle de adoção, Christina já trabalhava
no Tribunal de Justiça havia
11 anos quando teve de se submeter ela mesma à avaliação
de uma profissional da área.
Depois de três relacionamentos, sem filhos, agora
quem queria adotar uma
criança era ela. "Gostaria de
ter quatro filhos. Mas eu e
meu o primeiro parceiro éramos muito jovens; o segundo
não queria, e o terceiro já tinha. Eu me dedique a profissão", diz ela, que está solteira.
Christina conta que não
passou por aquele que é o
maior sofrimento da pretendente à adoção: a espera. "No
dia 14 de março eu entrei com
o requerimento; 19 de junho
já estava com a Bia."
E isso não tem a ver com o
fato de ela trabalhar no TJ.
"Fui avaliada por colegas de
outra Vara, que nem me conheciam. Passei por entrevistas, dinâmicas de grupo e recebi visitas como os outros."
Uma das coisas que agilizaram, segundo Christina, foi o
fato de ela não fazer restrições
a idade, sexo, cor. "Não queria
recém-nascido, como a grande maioria das pessoas."
Christina explica que, na
época em que adotou Bia, era
possível adiantar o trâmite de
antecedentes criminais via
Poupatempo. "Depois que um
pai adotivo com crimes prescritos matou o filho, quem pede os atestados é o juiz."
Mesmo habituada a avaliar
pretendentes, ela diz que o
maior teste se dá no dia a dia.
"Pais e mães só se revelam no
convívio. Não existe tomografia computadorizada para detectar esse pendor", brinca.
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