São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2010

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Semáforos pulam a vez dos pedestres

Equipamentos com botoeiras retardam abertura e provocam espera de até 5 minutos, verificou a reportagem

Problema foi observado em três regiões de São Paulo; para consultor, parece estratégia para dar fluidez ao trânsito

ALENCAR IZIDORO
ESTEVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

A placa avisa ao pedestre: "aperte" a botoeira e "aguarde". O semáforo abre para os carros de um lado e do outro.
Quando chega a hora de mostrar verde para quem está a pé, ele pula -e dá a vez aos motoristas novamente.
Jovens, idosos, crianças e grávidas decidem se arriscar no vermelho. "Não vou ficar a vida inteira esperando", afirma Vitor Ivo da Silva, 18.
A estudante Raquel Gillio Nogueira, 19, pressiona a botoeira com insistência. "Se apertar bastante, dá certo." A tese dela não é correta. Mas, após cinco minutos de uma espera angustiante, Teresa, 82, dá sorte e consegue atravessar no verde pela av. Tucuruvi (zona norte de SP).
Cenas semelhantes foram vistas pela Folha na última semana em outras regiões.
No cruzamento das ruas Sarapuí, João Antônio de Oliveira e Barão de Monte Santo, na Mooca (zona leste), quem estava na calçada tinha de aguardar três ciclos do semáforo até ele abrir.
Na av. Morumbi, altura da av. Portugal, no Brooklin (zona sul), a mesma coisa -e a espera à tarde variava de um a mais de quatro minutos.
A CET culpa defeitos no sistema de botoeiras. Horácio Augusto Figueira, mestre em engenharia pela USP, estranha. "Parece uma estratégia operacional contra os pedestres e somente a favor de quem está em veículos", diz.
Ele acompanhou a Folha na av. Tucuruvi, onde a espera variava até cinco minutos.
João Cucci Neto, professor de engenharia do Mackenzie, diz que a recomendação técnica é para que um ciclo de semáforo (tempo total para atender todos os fluxos) não supere 120 segundos.
"Ao lidar com a realidade, os cálculos mostram que às vezes isso provocaria congestionamentos gigantescos."
Por isso, alguns são programados para demora até 50% maior -a favor dos carros. Eduardo Daros, da Associação Brasileira de Pedestres, defende aparelhos de contagem regressiva para que os pedestres saibam quanto falta para abrir. "Testei minha paciência. Mais de um minuto e meio não dá."

FOLHA.com
Veja vídeo sobre espera em semáforo
folha.com/mm775595


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