São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLANDESTINOS

Homens estavam nos porões da embarcação, que saiu de Serra Leoa

Cinco mortos são achados em navio

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Bombeiros passaram o dia de ontem a bordo do navio Medi Monaco (bandeira panamenha) envolvidos numa operação de resgate dos corpos em decomposição de cinco africanos clandestinos encontrados mortos pela tripulação durante a viagem entre os portos de Freetown (capital de Serra Leoa) e Santos (SP).
Antes de o navio chegar a Santos, na madrugada de ontem, o comandante filipino Allan de la Cruz já havia informado à Polícia Federal a respeito da presença dos cinco corpos e de um sobrevivente também pertencente ao grupo de clandestinos.
O sobrevivente é Ibrahim Suma, natural de Serra Leoa, como os demais. Ele foi levado pela manhã para o hospital estadual Guilherme Álvaro, em Santos. Liberado pelos médicos, iria prestar depoimento no final da tarde na sede local da Polícia Federal. O africano não quis conceder entrevistas. A decisão sobre a eventual permanência dele no país na condição de refugiado será do Ministério da Justiça.
Com cerca de 5 milhões de habitantes, Serra Leoa foi devastado por dez anos de guerra civil (desde 1991). O país é o último colocado no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), medido pelas Nações Unidas com base em indicadores de expectativa de vida, nível educacional e renda per capita. Dos 162 países do ranking, o Brasil é o 69º, e a Noruega, o primeiro.
Segundo o diretor da Polícia Federal em Santos, delegado Jaber Makul Hanna Saadi, todos os clandestinos tinham entre 22 e 26 anos. Suma foi achado com os companheiros mortos porque batia com uma barra de ferro na parede do compartimento onde estava escondido. Tripulantes ouviram o ruído e alertaram o comandante, que determinou a retirada do sobrevivente e a manutenção dos corpos no mesmo local até a chegada ao Brasil.
Com a ajuda de um vigia portuário, o grupo ingressou clandestinamente no navio no último dia 26, quando a embarcação ainda estava atracada no porto de Freetown. Eles foram achados no dia 30, trancados no interior de um compartimento fechado, conhecido como "caixa de inspeção", abaixo da torre do guindaste.
Segundo registros da PF, pelo menos 25 africanos chegaram clandestinamente ao porto de Santos no ano passado.


Texto Anterior: Globo nega estar protegendo fonte de Lopes
Próximo Texto: Tráfico: PMs ocupam favela após troca de tiros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.