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CLANDESTINOS
Homens estavam nos porões da embarcação, que saiu de Serra Leoa
Cinco mortos são achados em navio
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Bombeiros passaram o dia de
ontem a bordo do navio Medi
Monaco (bandeira panamenha)
envolvidos numa operação de
resgate dos corpos em decomposição de cinco africanos clandestinos encontrados mortos pela tripulação durante a viagem entre os
portos de Freetown (capital de
Serra Leoa) e Santos (SP).
Antes de o navio chegar a Santos, na madrugada de ontem, o
comandante filipino Allan de la
Cruz já havia informado à Polícia
Federal a respeito da presença dos
cinco corpos e de um sobrevivente também pertencente ao grupo
de clandestinos.
O sobrevivente é Ibrahim Suma,
natural de Serra Leoa, como os
demais. Ele foi levado pela manhã
para o hospital estadual Guilherme Álvaro, em Santos. Liberado
pelos médicos, iria prestar depoimento no final da tarde na sede
local da Polícia Federal. O africano não quis conceder entrevistas.
A decisão sobre a eventual permanência dele no país na condição de refugiado será do Ministério da Justiça.
Com cerca de 5 milhões de habitantes, Serra Leoa foi devastado
por dez anos de guerra civil (desde 1991). O país é o último colocado no ranking do IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano), medido pelas Nações Unidas com
base em indicadores de expectativa de vida, nível educacional e
renda per capita. Dos 162 países
do ranking, o Brasil é o 69º, e a
Noruega, o primeiro.
Segundo o diretor da Polícia Federal em Santos, delegado Jaber
Makul Hanna Saadi, todos os
clandestinos tinham entre 22 e 26
anos. Suma foi achado com os
companheiros mortos porque batia com uma barra de ferro na parede do compartimento onde estava escondido. Tripulantes ouviram o ruído e alertaram o comandante, que determinou a retirada
do sobrevivente e a manutenção
dos corpos no mesmo local até a
chegada ao Brasil.
Com a ajuda de um vigia portuário, o grupo ingressou clandestinamente no navio no último dia
26, quando a embarcação ainda
estava atracada no porto de Freetown. Eles foram achados no dia
30, trancados no interior de um
compartimento fechado, conhecido como "caixa de inspeção",
abaixo da torre do guindaste.
Segundo registros da PF, pelo
menos 25 africanos chegaram
clandestinamente ao porto de
Santos no ano passado.
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