São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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VIOLÊNCIA

Criminosos ameaçaram funcionários por duas horas; policiais civis e militares disputaram comando da negociação

Ladrões de banco fazem 7 reféns em Moema

DA REPORTAGEM LOCAL

Sete pessoas foram mantidas reféns por cerca de duas horas ontem durante uma tentativa de assalto à agência do banco HSBC da alameda dos Jurupis, em Moema (zona sul de São Paulo). A operação, que terminou com um PM ferido com um tiro de raspão na perna e quatro assaltantes presos, provocou até empurrões e ameaças entre policiais civis e militares que disputavam o comando da negociação com os ladrões.
Nove assaltantes chegaram ao banco às 17h20 de ontem. Segundo o tenente Marcos Augusto Salgueiro, da Força Tática da PM, dois assaltantes, que se disfarçaram com roupa de pintor, quebraram uma porta de vidro da agência com uma marreta.
A quadrilha já teria separado R$ 22 mil em uma sacola quando PMs que passaram pelo local perceberam funcionários com mãos para cima e tentaram conter o grupo. Um dos ladrões, Sérgio Jorge de Paula, 25, conseguiu escapar ao atingir o PM na perna direita, mas foi preso logo depois, ao se esconder em uma loja.
Segundo o tenente Salgueiro, cinco homens da quadrilha que estavam no outro lado da rua dando retaguarda ao assalto também teriam atirado contra os PMs, antes de escapar.
A partir daí, três ladrões que estavam na agência fizeram sete funcionários reféns. "Foi tiro pra tudo quanto é lado", contou o engenheiro Marcelo Kazuo Moki, 31, que esperava o comprovante de um depósito no caixa eletrônico no momento em que o grupo invadiu a agência. "Agarraram o gerente e levaram para o fundo do banco. Eles [os assaltantes" estavam bem armados."
Para se entregar à polícia, os assaltantes -que se escondiam atrás de biombos do setor administrativo- pediram a presença de seu advogado. Ele chegou pouco antes das 19h e pediu aos jornalistas que não o filmassem.
Às 19h15, Ricardo Nunes Soares, 27, Ariosvaldo Caetano da Silva, 37, e Willian José de Farias, 25, se entregaram. Só Sérgio de Paula tem passagem por roubo a banco. A polícia apreendeu com a quadrilha uma submetralhadora, duas pistolas e um revólver.
Nenhum dos reféns se feriu, mas cinco deles foram atendidos no hospital Evaldo Foz. Segundo os médicos que atenderam os reféns, eles contaram que, quando perceberam que a agência estava sendo assaltada, esconderam-se no cofre do banco, mas foram encontrados pelos assaltantes.
Além da ameaça aos reféns, a disputa entre policiais civis e militares aumentou a tensão na agência. PMs não gostaram quando policiais civis tentaram assumir o comando das negociações com a quadrilha. Houve empurrões e bate-boca, e policiais chegaram a apontar armas uns para os outros.
Policiais civis e militares voltaram a bater boca no portão de acesso à Delegacia de Roubo a Banco. No momento de mostrar as armas apreendidas para fotos, um PM se indignou com o símbolo do Deic na mesa e correu para colocar ao lado o símbolo da Força Tática da PM.
Durante a negociação, as duas portas de trás do shopping Ibirapuera ficaram fechadas, o trânsito nas ruas próximas foi impedido e o prédio da agência foi cercado. Aproximadamente cem policiais participaram da operação.


Colaborou a Folha Online


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