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Governo federal libera R$ 2 bi para conter crise na saúde
Valor havia sido anunciado por Temporão e desmentido por Mantega na semana passada
Durante anúncio, ministros da Saúde e da Fazenda responsabilizaram
Estados por parte da culpa pelos problemas no setor
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O governo federal liberou ontem R$ 2 bilhões para o setor de
saúde, que vive uma crise em
Estados do Nordeste.
O valor já havia sido anunciado na segunda-feira passada
após a reunião de coordenação
política do governo, mas foi
desmentido pelo ministro da
Fazenda, Guido Mantega. Ele
afirmou, na ocasião, que a verba ainda estava em estudo.
Ontem, ao lado do ministro
da Saúde, José Gomes Temporão, Mantega disse que, naquela semana, não estava suficientemente esclarecido sobre o
quadro orçamentário do Ministério da Saúde.
A verba, conforme Temporão, deverá ser usada para aumentar a remuneração da tabela do SUS para os procedimentos de média complexidade, como exames de raio-X, e para o
aumento do teto financeiro dos
Estados, recursos repassados
pela União e calculados de
acordo com o número de habitantes e o perfil de doenças.
Parte da verba poderá ainda
ser usada para o pagamento de
emendas parlamentares.
Temporão afirmou que a alteração nos valores da tabela do
SUS faz parte de medidas que
constarão do "PAC da Saúde", a
ser anunciado em breve. A remuneração de alguns procedimentos de alta complexidade,
disse, deverá ser rebaixada, por
estar superestimada. Ainda assim, ele afirmou que a maioria
tem valores defasados.
Os dois ministros aproveitaram o anúncio dos recursos para responsabilizar os Estados
por parte da crise.
"O Ministério da Saúde tem a
terceira maior dotação do Orçamento [atrás da Previdência
e da folha de pagamento]", disse Mantega. "Se os Estados
cumprissem o que determina a
Constituição, os problemas na
saúde seriam menores."
De acordo com o Ministério
da Saúde, em 2005 apenas 7
dos 27 Estados gastaram com
saúde o que a Constituição estabelece, ou seja, 12% do orçamento total: RO, AC, AM, RR,
PA, RN e BA. São Paulo gasta
11,7%, de acordo com a pasta.
O valor é determinado pela
emenda constitucional 29,
mas, como ela não foi regulamentada, alguns Estados contam gasto em saneamento, por
exemplo, como em saúde. Temporão disse que o presidente
Lula ordenou uma regulamentação "rápida". O presidente da
Câmara, Arlindo Chinaglia,
prometeu votá-la neste ano.
Governadores
Reunidos ontem em Recife
(PE), governadores do Nordeste defenderam mudanças no
modelo de gestão e reivindicaram mais recursos para o setor.
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), da Paraíba, defendeu a divisão dos recursos da CPMF
com Estados e municípios e sua
vinculação total à saúde.
Para Cid Gomes (PSB-CE),
do Ceará, o Nordeste, por ter a
média de desenvolvimento
mais baixa do país, deveria ter
melhor tratamento pelo governo federal em relação a verbas.
"Há risco de não avançarmos
se o governo colocar mais dinheiro sem novos instrumentos de gestão que modernizem
a aplicação deles e monitorem
os resultados", disse Marcelo
Déda (PT-SE), de Sergipe.
Belo Horizonte
Servidores municipais da
saúde de Belo Horizonte (MG)
entraram ontem em greve por
tempo indeterminado.
Eles reivindicam 42% de aumento. A prefeitura propõe
12% para os de nível médio e de
20% para os de nível superior.
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