São Paulo, quinta-feira, 04 de setembro de 2008

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Denúncia será investigada, diz secretário

Ronaldo Marzagão (Segurança) disse que a gestão Serra pretende indenizar os 3 jovens, caso a tortura seja comprovada

A investigação sobre os quatro policiais civis, entre eles um delegado, começou em 2006; os 2 PMs passarão agora a ser investigados


DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário estadual da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, afirmou ontem que o governador José Serra (PSDB) determinou uma investigação rigorosa sobre a denúncia de tortura praticada por policiais civis e militares envolvidos na prisão dos três jovens soltos ontem por decisão da Justiça.
"Se forem comprovadas a tortura e as prisões ilegais, os policiais que as praticaram serão processados, presos e expulsos das corporações. Embora o caso não tenha ocorrido na nossa gestão, se ficar comprovada a tortura, o Estado pagará indenizações às vítimas."
Dizendo transmitir as palavras do governador Serra, que estava em viagem, Marzagão disse que o governo pretende indenizar os jovens caso seja comprovada a tortura.
O secretário admitiu que o fato de os jovens terem ficado dois anos presos por um crime que não cometeram já justifica um pedido de indenização -a eventual comprovação da tortura, segundo Marzagão, só iria ampliar o valor. "Eu penso que isso [a tortura] é irreparável. (...) Materialmente é irreparável", afirmou ele.
A secretaria não informou os nomes dos quatro policiais civis e dos dois PMs envolvidos no caso, sob a alegação de que as investigações ainda estão no início. Também não disse onde eles trabalhavam nem para onde foram transferidos.
As investigações sobre tortura envolvendo os policiais civis tiveram início em 2006 -ano em que Renato Correia de Brito, 24, seu primo William César de Brito Silva, 28, e o amigo Wagner Conceição da Silva, 25, foram presos. Os PMs começarão a ser investigados agora.
Anteontem, o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira, que os denunciou à Justiça e recentemente pediu a revogação das prisões, disse que todos os policiais envolvidos na prisão serão investigados por tortura.
Segundo o boletim de ocorrência, ao qual a Folha teve acesso, os policiais militares são Ezequiel Ramos da Motta e Richardson Alves de Alcântara, da 2ª Companhia do 15º Batalhão da PM. Segundo o documento, o delegado responsável pelo registro foi Paulo Roberto Poli Martins, do 1º DP.
Eles foram procurados pela Folha, mas não foram localizados para falar sobre as acusações de tortura. Não consta no boletim o nome do investigador, do escrivão e do carcereiro, que também foram afastados.


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