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CPI aprova relatório que isenta a Anac
Documento que retira responsabilidade da agência de aviação por crise aérea foi aprovado por 14 votos a favor e 6 contra
Partidos de oposição
pediram, em "votos
separados", o indiciamento
de todos os diretores da
antiga gestão da Anac
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com maioria na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
do Apagão Aéreo da Câmara
dos Deputados, a base governista aprovou ontem, por 14 votos a favor e 6 contra, o relatório final do deputado Marco Maia (PT-RS), que isenta a ex-diretoria da Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) de
qualquer responsabilidade pela
crise aérea no país.
Em minoria na CPI, os partidos de oposição (DEM, PSDB e
PSOL) apresentaram "votos separados" de protesto, que foram rejeitados em bloco. Pediam o indiciamento dos diretores que já renunciaram -Denise Abreu, Leur Lomanto, Jorge Velozo e Josef Barat- e do
atual presidente da agência,
Milton Zuanazzi.
O texto final de Maia teve
duas mudanças importantes.
Primeiro, passou a recomendar
a desmilitarização do controle
de tráfego aéreo -antes eram
feitas recomendações cautelosas de estudo do assunto, com
vários argumentos contra.
"Agora há uma recomendação
específica ao governo de que isso é necessário", disse o relator.
A outra alteração foi feita por
acordo político de última hora
antes da votação: foi removida
a tipificação criminal contra os
quatro controladores de tráfego aéreo de Brasília relativa ao
acidente do vôo 1907 da Gol.
Com isso, os únicos pedidos
de indiciamento do relatório de
667 páginas, após cinco meses
de investigação sobre a crise aérea que paralisou aeroportos
em todo o país, são dos pilotos
norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, que
comandavam o jato Legacy que
se chocou com o Boeing da Gol,
em 29 de setembro de 2006.
Acuado pelas críticas, Maia
reagiu: "Não tem pizza nenhuma. Quem diz isso dá um tiro
no próprio trabalho. O relatório aponta indícios e pede que o
Ministério Público investigue
os responsáveis".
Sobre o segundo desastre aéreo analisado, do vôo 3054 da
TAM, o relatório é inconclusivo, mas aponta como fator determinante o sistema de automação da Airbus, que, para Maia, impediu a frenagem do
A320. A pista de Congonhas, de
responsabilidade do governo
federal, foi isentada. Foi recomendado que aviões com reversor inoperante não pousem
em Congonhas com chuva.
Além da Anac, a oposição
também mirou em outras autoridades por crimes relativos à
crise no setor. O PSOL pediu o
indiciamento do comandante
da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, e de seu antecessor,
brigadeiro José Carlos Bueno,
por adotar medidas para abafar
a crise dos controladores e os
atrasos nos aeroportos às custas da segurança.
O PSDB também pede providências do Ministério Público
pelo flagrante de gestos obscenos do assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia,
e de seu funcionário, Bruno
Gaspar, que acompanhavam o
noticiário sobre o vôo 3054 da
TAM. Citam o crime de "importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de
modo ofensivo ao pudor", da
Lei de Contravenções Penais.
Durante toda a tarde de ontem, antes da votação, opositores e governistas trocaram acusações sobre o relatório final.
Ao contrário das sessões normais da CPI, a base aliada compareceu em massa.
Diante da acusação de que o
governo "tratorou" e impediu
as investigações, um dos principais articuladores da base,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
ironizou: "Vamos ser francos, o
governo nem aqui esteve!".
Em sua conclusão final, o relatório diz que os dois desastres
aéreos não estão ligados à crise
do setor, que o espaço aéreo é
seguro e que o apagão aconteceu por falta de políticas, planos e investimentos no setor
nos últimos anos.
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