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Em 10 anos, número de viagens de táxi cai 11,6%; já as de moto sobem 380%
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O número de viagens de táxi
na região metropolitana foi o
único que caiu nos últimos dez
anos: 11,6%. Já os trajetos de
moto subiram 380%, o maior
percentual entre todos.
Reflexos do caos no trânsito
da cidade. Opinião de quem entende de trânsito: os taxistas.
Primeiro, porque as corridas
demoram mais. Presos nos
congestionamentos, o tempo
que levavam para fazer duas
corridas há alguns anos só é suficiente para uma atualmente.
Tudo bem que a corrida custa
mais caro (afinal, o passageiro
fica mais tempo no carro), mas,
para compensar, o taxista precisa trabalhar mais.
"Não compensa, porque não
posso pegar passageiro, por
exemplo, no aeroporto de
Cumbica (em Guarulhos,
Grande SP). Na volta, demoro
quase duas horas e meia. Perco
a manhã toda com isso", diz
Maurício Monteiro Borges, 47,
há 25 anos na profissão.
Além disso, tem a invasão das
motos, mais baratas e rápidas,
embora mais inseguras.
Para João Batista Dias, 64,
taxista desde 1999, o trânsito
pesado afasta os clientes. "Tem
corrida que ia dar R$ 20 e acaba
dando mais de R$ 30. Aí, ninguém quer pegar táxi."
Para ele, o setor é prejudicado pela concorrência das locadoras e motoboys. "Antes, a
gente levava os funcionários
para fazer o serviço. Agora, os
motoboys resolvem", afirmou.
Cláudio Barbieri, professor
do Departamento de Engenharia da USP, diz que a moto é
mais vantajosa porque é mais
barata e mais rápida. "No táxi,
além de ser caro, o passageiro
vai ficar preso no mesmo congestionamento do carro."
O mecânico Alan Pereira, 28,
mora no Jardim Miriam (zona
sul) e trabalha há dois anos no
centro. Há seis meses, comprou
uma moto. "De ônibus eu levava uma hora e meia. De moto,
gasto só meia hora."
"Para quem usava o transporte público, passa a ser mais
vantajoso financiar uma moto,
porque ela é uma opção tanto
de transporte quanto de trabalho", diz Alexandre Gomide,
pesquisador do Ipea.
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