São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Em 10 anos, número de viagens de táxi cai 11,6%; já as de moto sobem 380%

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O número de viagens de táxi na região metropolitana foi o único que caiu nos últimos dez anos: 11,6%. Já os trajetos de moto subiram 380%, o maior percentual entre todos.
Reflexos do caos no trânsito da cidade. Opinião de quem entende de trânsito: os taxistas.
Primeiro, porque as corridas demoram mais. Presos nos congestionamentos, o tempo que levavam para fazer duas corridas há alguns anos só é suficiente para uma atualmente. Tudo bem que a corrida custa mais caro (afinal, o passageiro fica mais tempo no carro), mas, para compensar, o taxista precisa trabalhar mais.
"Não compensa, porque não posso pegar passageiro, por exemplo, no aeroporto de Cumbica (em Guarulhos, Grande SP). Na volta, demoro quase duas horas e meia. Perco a manhã toda com isso", diz Maurício Monteiro Borges, 47, há 25 anos na profissão.
Além disso, tem a invasão das motos, mais baratas e rápidas, embora mais inseguras.
Para João Batista Dias, 64, taxista desde 1999, o trânsito pesado afasta os clientes. "Tem corrida que ia dar R$ 20 e acaba dando mais de R$ 30. Aí, ninguém quer pegar táxi."
Para ele, o setor é prejudicado pela concorrência das locadoras e motoboys. "Antes, a gente levava os funcionários para fazer o serviço. Agora, os motoboys resolvem", afirmou.
Cláudio Barbieri, professor do Departamento de Engenharia da USP, diz que a moto é mais vantajosa porque é mais barata e mais rápida. "No táxi, além de ser caro, o passageiro vai ficar preso no mesmo congestionamento do carro."
O mecânico Alan Pereira, 28, mora no Jardim Miriam (zona sul) e trabalha há dois anos no centro. Há seis meses, comprou uma moto. "De ônibus eu levava uma hora e meia. De moto, gasto só meia hora."
"Para quem usava o transporte público, passa a ser mais vantajoso financiar uma moto, porque ela é uma opção tanto de transporte quanto de trabalho", diz Alexandre Gomide, pesquisador do Ipea.


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