São Paulo, Quinta-feira, 04 de Novembro de 1999
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Presídio é sonrisal, diz secretário

do enviado especial

A tentativa frustrada de fuga de um grupo de detentos da Casa de Prisão Provisória (CPP) acabou se tornando uma briga política. Inaugurada em janeiro de 98 pelo governador Maguito Vilela (PMDB) como "presídio modelo de segurança máxima", a CPP ontem foi classificada como "presídio-sonrisal" pelo secretário da Segurança Pública do governo Marconi Perillo (PSDB), Demóstenes Xavier Torres.
"Ele está se esfarelando todo, parece sonrisal. Gastou-se muito aqui para ser "modelo para o país", mas não é o que está sendo visto", disse Demóstenes, sobre um buraco feito pelos detentos da unidade 1 da CPP no piso de concreto de uma das celas.
Segundo propaganda do governo Maguito à época da inauguração, o piso da CPP teria 1,5 metro de espessura. Na cela escavada, não chegou a 20 cm. Na ocasião, o ministro da Justiça era o senador goiano Iris Resende (PMDB), padrinho político de Maguito.
Já o senador Iris Rezende (PMDB-GO) acusou o governo de Goiás de ser responsável pelas rebeliões na Casa de Prisão Provisória, por incompetência em administrar o sistema penitenciário. Iris negou que o local tenha problemas de segurança.
"O governador (Marcone Perillo-PSDB) precisa parar com essa mania de atirar sobre os outros todos os insucessos do seu governo", disse Iris, que disputou o governo do Estado com Perillo.
"A Casa de Prisão Provisória foi construída seguindo um modelo adotado nacionalmente, atendendo a todos os requisitos de segurança e as recomendações das instituições que cuidam dos direitos humanos. O que eles não estão tendo é competência", afirmou.
Segundo ele, o governo deveria ter adotado medidas preventivas quando houve a primeira rebelião. Ontem, o secretário da segurança pediu à empresa construtora que faça uma perícia para ver se o concreto e o ferro utilizados correspondem ao projeto proposto.
"A gente não faz milagres, tem de estar estruturado. As instalações não são seguras. A área tinha de ser de segurança máxima, mas falta muito ainda", disse Souza.
A Procuradoria Geral do Estado e a Secretaria da Segurança abriram processos para averiguar denúncias de que a CPP foi superfaturada. Segundo o consórcio que terceirizou a obra da CPP, em uma revisão de contratos, foi possível reduzir os custos em 23%.


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