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"É preciso investir em inteligência"
DA REPORTAGEM LOCAL
Os ataques contra a PM e a
GCM, embora coordenados, não
tiveram alto nível de sofisticação e
reforçam a necessidade de investimentos no setor de inteligência.
A opinião é de Guaracy Mingardi,
pesquisador do Ilanud (Instituto
Latino-Americano das Nações
Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente).
"A inteligência criminal não
tem tido relevância hoje. Os governos não investem porque são
medidas a longo prazo", afirma.
Ele teme que esse tema seja confundido com as ações do Gradi
(grupo da PM que recrutava presos para infiltrá-los ilegalmente
em quadrilhas). "Essas ações só
aumentaram a animosidade e
mataram ladrões de terceiro escalão", diz Mingardi, para quem há
uma tendência de as polícias agirem com mais violência por conta
da ousadia dos criminosos.
Luciana Guimarães, diretora do
Instituto Sou da Paz, chama a
atenção para os ataques que atingiram bases comunitárias. "É preciso reafirmá-las como ações importantes. Coisas eficientes viram
alvos fáceis. Não se pode recuar, é
preciso ampliá-las", diz.
"A escolha do alvo é inesperada.
Mas é preciso mapear rapidamente as ações para aprender
com as estratégias do crime organizado. Ignorar a existência dele
não adianta", afirma Guimarães.
Paulo de Mesquisa Neto, secretário-executivo do Instituto São
Paulo Contra a Violência, diz que
a "reação dos policiais" diante dos
ataques vai depender da "sinalização política" dos comandantes.
A entidade é responsável pelo
disque-denúncia e diz ter recebido uma ligação ontem de manhã
com pistas do grupo que fez os
ataques. O telefone do serviço
-que garante anonimato- é
0800-156315 para quem está na
capital paulista e 0/xx/11/3272-7373 para as demais regiões.
O deputado federal Jair Bolsonaro (PTB-RJ) prega a expansão
da violência policial contra os
grupos organizados. "Tem que
responder na mesma moeda. O
marginal só conhece uma lei: olho
por olho, dente por dente. Não se
pode raciocinar antes de atirar. A
polícia tem que ser violenta e temida", afirma. "Os policiais hoje
são muito criticados pela mídia.
Uma minoria acaba indo para a
vingança [contra os ladrões], coisa que eu acho favorável, mas a
maioria se acomoda por causa da
pressão", diz Bolsonaro.
O monsenhor Dario Benedito
Bevilacqua, porta-voz da Arquidiocese de São Paulo, condena essa visão. "O caminho não está no
revide nem na retaliação."
Para ele, as medidas de combate
aos criminosos passam pelas
questões sociais.
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