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AGENDA DA TRANSIÇÃO
Empreiteiras e sindicato de garis dizem que serviço já foi cortado pela metade nas ruas de São Paulo
Marta reduz varrição para fechar contas
CONRADO CORSALETTE
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em dificuldades para fechar as
suas contas, a Prefeitura de São
Paulo decidiu reduzir os serviços
de varrição nas ruas da cidade nos
dois últimos meses da gestão
Marta Suplicy (PT). No último
domingo, José Serra (PSDB) derrotou a prefeita no segundo turno
da eleição municipal.
Duas empreiteiras afirmaram à
Folha que já tiveram suas ordens
de serviço cortadas pela metade.
Uma terceira disse que a interrupção parcial da varrição, já acertada, se dará nos próximos dias. O
sindicato dos trabalhadores na
limpeza urbana (Siemaco) afirmou que 50% dos funcionários
do setor já entraram em férias em
novembro.
A prefeitura não confirma o
corte, apesar de ter publicado no
"Diário Oficial" do município, em
27 de outubro, que um dos objetos da prorrogação do contrato
com as empreiteiras há um mês é
a "redução de serviços".
Sem responder diretamente às
perguntas feitas pela reportagem,
o Limpurb (Departamento de
Limpeza Urbana) afirmou, em
nota, que as ruas "continuarão recebendo os serviços das esquipes". O texto não deixa claro, porém, se a freqüência da varrição
será mantida em toda cidade.
Além de reduzir os serviços, a
prefeitura está atrasando pagamentos. Empresas de limpeza urbana ouvidas pela Folha afirmam
que os valores referentes ao trabalho de julho, que deveriam ser pagos no começo de setembro, ainda não foram depositados, totalizando dois meses de atraso.
A Secretaria de Finanças diz que
os depósitos estão sendo feitos 60
dias após o envio da nota de liquidação dos serviços para a pasta
-e que esse tempo cairá para 30
dias para não deixar pendências.
A Folha apurou que, há cerca de
dois meses, técnicos do Limpurb
entraram em contato com as oito
empreiteiras que fazem a varrição
para pedir um plano de redução
dos serviços em novembro e dezembro. O departamento se comprometeu a retomar os serviços
integrais a partir de janeiro, quando se inicia o novo exercício fiscal.
A orientação era preservar a
varrição e a retirada de entulhos
nas avenidas principais, onde há
maior visibilidade. Nas demais
ruas, a redução da freqüência de
varrição e até mesmo a interrupção da limpeza ficariam por conta
das empreiteiras contratadas. Para uma das empresas, a redução
do serviço já começou a ser aplicada a partir do dia 12 de outubro.
Segundo o presidente do Siemaco, José Moacyr Pereira, a categoria ficou preocupada ao ser informada dos cortes de serviço. Pereira disse ter conseguido negociar
férias para metade dos cerca de
6.500 varredores neste mês. A outra metade sairá em férias em dezembro. De acordo com Pereira, o
Limpurb afirmou que a redução
iria ocorrer "por causa da Lei de
Responsabilidade Fiscal".
Os contratos de varrição da cidade foram prorrogados pela terceira vez no início de outubro. Na
ocasião, a coleta de lixo foi retirada do acordo, já que o serviço passou a ser prestado pelo sistema de
concessão. Para os próximos seis
meses -validade da nova prorrogação do contrato-, a prefeitura deve desembolsar cerca de
R$ 77 milhões com varrição.
O PSDB, que assume a prefeitura a partir de janeiro, tem afirmado que a prefeitura não terá dinheiro para arcar com seus gastos
neste ano. Até agora, a administração já liquidou -reconheceu
serviços prestados- R$ 10,3 bilhões do Orçamento de 2004. Foram efetivamente pagos aos fornecedores R$ 9,8 bilhões, segundo dados do gabinete do vereador
Roberto Tripoli (PSDB). Essa diferença tem de acabar até o final
do ano, segundo determina a Lei
de Responsabilidade Fiscal. Se isso não ocorrer, a prefeitura terá
de deixar dinheiro em caixa para
que o próximo prefeito pague as
dívidas com os fornecedores.
A Secretaria de Finanças disse
em nota que "todos os compromissos assumidos pela administração estão e continuarão sendo
honrados".
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