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AGENDA DA TRANSIÇÃO
Empresas vão procurar prefeitura em busca de informações sobre calendário de pagamentos
Mudança de governo preocupa empreiteiras
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a eleição de José Serra
(PSDB), as empreiteiras de obras
públicas pretendem obter da Prefeitura de São Paulo, nos próximos dias, uma avaliação sobre os
pagamentos que serão feitos ainda na gestão de Marta Suplicy
(PT) e o que deverá ser transferido para a administração tucana.
O setor prevê que os contratos
em andamento sofrerão reavaliação pela equipe de Serra, para definição de prioridades. Mas não
acredita em paralisação de obras.
Diante da pressão da dívida
com a União e dos limites impostos pela Lei de Responsabilidade
Fiscal, as empreiteiras estão interessadas em acompanhar o processo de transição e as definições
sobre o orçamento de 2005.
As empresas não admitem formalmente, mas há muitas obras
licitadas e todo processo sucessório deixa apreensivas as firmas
que têm serviços a tocar ou dinheiro a receber do governo.
Para despesas não pagas neste
ano, a prefeitura terá que deixar
dinheiro em caixa ou incluí-las
como despesas de exercício anterior no orçamento de 2005, comprometendo, assim, os investimentos do próximo exercício.
Pela legislação atual, a prefeitura é obrigada a cancelar, no último dia do ano, os empenhos feitos sobre o orçamento de 2004
-para cada contrato há um empenho de verba. O que foi empenhado e não foi liquidado até o final do ano dependerá de negociação com o novo prefeito, a partir
do orçamento de 2005.
A cada mudança de governo,
costuma haver uma negociação
específica nos contratos de obras
públicas. Se é possível identificar
um "estilo tucano" de administração, Mario Covas suspendeu,
no primeiro mês que assumiu o
governo estadual, todos os contratos que não tinham atingido
25% de execução, submetendo-os
a uma auditoria para reavaliar os
preços e as condições pactuadas.
No início da gestão Marta Suplicy, os empreiteiros temiam a
"herança" do antecessor, Celso
Pitta, que cancelara vários empenhos. Foram surpreendidos, então, com a negociação conduzida
por João Sayad, então secretário
de Finanças, que escalonou os pagamentos em três anos, o que foi
rigorosamente cumprido.
Em novembro de 1996, o então
prefeito Paulo Maluf -depois de
tocar muitas inaugurações num
ano eleitoral- desacelerou as
obras, para evitar a inadimplência
junto às construtoras.
Austeridade
Eleito, Serra afirmou esperar
que Marta contenha os custos e
adote medidas de austeridade.
"Austeridade de verdade, não o
atraso de pagamentos", disse.
No segundo semestre deste ano,
a prefeitura reprogramou os pagamentos, informando aos empreiteiros que se tratava de adequação ao fluxo de caixa. Os adiamentos chegaram a até 25 dias.
Duas das grandes empreiteiras
com contratos firmados na administração Marta Suplicy -a
CBPO e a Queiroz Galvão-
apostam na manutenção dos
compromissos assumidos com a
prefeitura. Consultada, a OAS não
se manifestou.
"A Queiroz Galvão sempre trabalha com previsão de eventuais
descompassos nos pagamentos,
mas acredita que a administração
pública sempre honrará com os
compromissos assumidos, como
sempre ocorreu", informou a empresa, por meio de assessoria.
A CBPO informou, por meio de
sua assessoria, que "a empresa
tem expectativa positiva e acredita que o prefeito eleito deverá dar
atenção às obras de infra-estrutura necessárias". A empreiteira informou, ainda, que "o processo
de pagamento tem sido praticamente normal".
Na última segunda-feira, a Secretaria de Finanças informou,
por meio de sua assessoria, que "a
prefeitura está cumprindo todos
os contratos firmados, de acordo
com uma programação financeira", de até 45 dias depois da prestação dos serviços.
(FV)
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