São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2006

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Aeroportos têm dia calmo, mas volta amanhã é incerta

Operação-padrão continua, mas, para o governo, medidas evitarão longos atrasos

Anteontem, mais de 600 vôos foram afetados; nos próximos 15 dias, controladores de vôo terão menos folgas


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO DE JANEIRO

A crise dos aeroportos arrefeceu ontem, com poucos registros de atrasos pelo país, mas o retorno do feriadão de Finados amanhã e segunda-feira é incerto. Apesar das medidas anunciadas e da expectativa otimista do governo, não há garantia de que as longas esperas de três, quatro, cinco ou mais horas não se repetirão.
A principal explicação para a tranqüilidade observada ontem nos aeroportos é o baixo índice de passageiros -situação típica de meio de feriado.
A Gol, por exemplo, tinha 523 vôos previstos no país, mas cancelou 125 por baixa demanda e dois por motivos técnicos. Na quinta, para comparação, dos 543 previstos, 82 foram cancelados por falta de demanda -(outros 57 não ocorreram por causa da operação-padrão).
Na avaliação das autoridades, porém, as medidas tomadas pela Aeronáutica foram suficientes para contornar os problemas gerados pela operação-padrão, que chegou a atrasar praticamente todos os vôos dos principais aeroportos.
"As medidas da Aeronáutica surtiram efeito, todos os aeroportos estão em situação normal", disse ontem o brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero. "Esperamos um recrudescimento no domingo e na segunda, com o final do feriado", disse Pereira. "Mas, uma semana de horrores como essa, não teremos mais."
A operação-padrão, no entanto, continua. Em Brasília, cada controlador continua vigiando 14 aeronaves -contra 20 anteriormente-, seguindo as recomendações de segurança. A diferença é que, após a intervenção da Aeronáutica na madrugada de quinta-feira, as equipes do Cindacta-1 (Brasília) foram reforçadas.
Nos próximos 15 dias os controladores terão menos folgas, para que as equipes fiquem maiores. O esquema deve vigorar até que os profissionais vindos de outras regiões estejam aptos a trabalhar em Brasília.
Segundo o brigadeiro, além da convocação dos controladores, outras medidas como o desvio de rotas que sobrevoavam Brasília e a proibição de decolagem de jatos e aviões particulares em horário-pico ajudaram a amenizar a sobrecarga aérea na região.

600 vôos cancelados
Ainda não há avaliação oficial dos prejuízos ou do número de pessoas afetadas pela crise. Anteontem, no pior dia, mais de 600 vôos comerciais foram afetados. O tumulto que ocorreu em alguns aeroportos, segundo a Aeronáutica, causou danos materiais desprezíveis.
O diretor-presidente da Anac, Milton Zuanazzi, disse que, para amanhã e segunda, espera-se "uma melhora sensível". "Se houver problemas, serão pequenos atrasos normais em feriados prolongados. Nada fora do que já ocorria antes."
Já os controladores de vôo avaliam que cenas de caos vistas nos principais aeroportos do país na quarta-feira não deverão se repetir com a mesma intensidade, a menos que haja mais casos de dispensa médica.
Segundo Wellington Rodrigues, presidente da Associação de Controladores de Vôo, "não vai ser o caos, mas acontecerá aquilo que já acontecia. São atrasos que os passageiros já tinham se acostumado a achar normal, mas que, na verdade, não são", disse.
Ele diz que a intervenção da FAB foi mais dura inicialmente. "Gerou muita revolta. Foi tratar de forma militar um problema humano. O controlador já atua em condições de estresse e, ainda por cima, vai ser aquartelado?" [os controladores do turno da madrugada foram impedidos de deixar o trabalho ao final do expediente].
Segundo ele, em um primeiro momento, a informação dada pela Aeronáutica era que o "aquartelamento" duraria 15 dias. Sobre o retorno do feriado, diz: "Vamos rezar para que não haja mais dispensas médicas e que o pessoal tenha força psicológica para superar".
(HUMBERTO MEDINA, LEILA SUWWAN, LUCIANA CONSTANTINO, PEDRO DANTAS E RICARDO GALLO)

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