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Aeroportos têm dia calmo, mas volta amanhã é incerta
Operação-padrão continua, mas, para o governo, medidas evitarão longos atrasos
Anteontem, mais de 600 vôos foram afetados; nos próximos 15 dias, controladores de vôo
terão menos folgas
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO DE JANEIRO
A crise dos aeroportos arrefeceu ontem, com poucos registros de atrasos pelo país, mas o
retorno do feriadão de Finados
amanhã e segunda-feira é incerto. Apesar das medidas
anunciadas e da expectativa
otimista do governo, não há garantia de que as longas esperas
de três, quatro, cinco ou mais
horas não se repetirão.
A principal explicação para a
tranqüilidade observada ontem nos aeroportos é o baixo
índice de passageiros -situação típica de meio de feriado.
A Gol, por exemplo, tinha
523 vôos previstos no país, mas
cancelou 125 por baixa demanda e dois por motivos técnicos.
Na quinta, para comparação,
dos 543 previstos, 82 foram
cancelados por falta de demanda -(outros 57 não ocorreram
por causa da operação-padrão).
Na avaliação das autoridades,
porém, as medidas tomadas pela Aeronáutica foram suficientes para contornar os problemas gerados pela operação-padrão, que chegou a atrasar praticamente todos os vôos dos
principais aeroportos.
"As medidas da Aeronáutica
surtiram efeito, todos os aeroportos estão em situação normal", disse ontem o brigadeiro
José Carlos Pereira, presidente
da Infraero. "Esperamos um
recrudescimento no domingo e
na segunda, com o final do feriado", disse Pereira. "Mas,
uma semana de horrores como
essa, não teremos mais."
A operação-padrão, no entanto, continua. Em Brasília,
cada controlador continua vigiando 14 aeronaves -contra
20 anteriormente-, seguindo
as recomendações de segurança. A diferença é que, após a intervenção da Aeronáutica na
madrugada de quinta-feira, as
equipes do Cindacta-1 (Brasília) foram reforçadas.
Nos próximos 15 dias os controladores terão menos folgas,
para que as equipes fiquem
maiores. O esquema deve vigorar até que os profissionais vindos de outras regiões estejam
aptos a trabalhar em Brasília.
Segundo o brigadeiro, além
da convocação dos controladores, outras medidas como o
desvio de rotas que sobrevoavam Brasília e a proibição de
decolagem de jatos e aviões
particulares em horário-pico
ajudaram a amenizar a sobrecarga aérea na região.
600 vôos cancelados
Ainda não há avaliação oficial
dos prejuízos ou do número de
pessoas afetadas pela crise. Anteontem, no pior dia, mais de
600 vôos comerciais foram afetados. O tumulto que ocorreu
em alguns aeroportos, segundo
a Aeronáutica, causou danos
materiais desprezíveis.
O diretor-presidente da
Anac, Milton Zuanazzi, disse
que, para amanhã e segunda,
espera-se "uma melhora sensível". "Se houver problemas, serão pequenos atrasos normais
em feriados prolongados. Nada
fora do que já ocorria antes."
Já os controladores de vôo
avaliam que cenas de caos vistas nos principais aeroportos
do país na quarta-feira não deverão se repetir com a mesma
intensidade, a menos que haja
mais casos de dispensa médica.
Segundo Wellington Rodrigues, presidente da Associação
de Controladores de Vôo, "não
vai ser o caos, mas acontecerá
aquilo que já acontecia. São
atrasos que os passageiros já tinham se acostumado a achar
normal, mas que, na verdade,
não são", disse.
Ele diz que a intervenção da
FAB foi mais dura inicialmente. "Gerou muita revolta. Foi
tratar de forma militar um problema humano. O controlador
já atua em condições de estresse e, ainda por cima, vai ser
aquartelado?" [os controladores do turno da madrugada foram impedidos de deixar o trabalho ao final do expediente].
Segundo ele, em um primeiro
momento, a informação dada
pela Aeronáutica era que o
"aquartelamento" duraria 15
dias. Sobre o retorno do feriado, diz: "Vamos rezar para que
não haja mais dispensas médicas e que o pessoal tenha força
psicológica para superar".
(HUMBERTO MEDINA, LEILA SUWWAN, LUCIANA CONSTANTINO, PEDRO DANTAS E RICARDO GALLO)
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