São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2006

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O problema é estrutural, diz controlador

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Wellington Rodrigues, presidente da Associação de Controladores de Vôo, afirma que, após o acidente com o avião da Gol, que matou 154 pessoas, o nível de estresse e o cansaço aumentaram muito no centro de controle do tráfego aéreo de Brasília.
"Teve um controlador que teve um AVC (acidente vascular cerebral, derrame) em serviço. Outro ficou catatônico diante do monitor e teve gente que desmaiou", disse.
Segundo ele, os controladores iam chorar no banheiro e voltavam para trabalhar de olhos vermelhos. Rodrigues diz que a Aeronáutica enviou cinco psicólogos para o setor.
Ainda de acordo com o presidente da associação, essa situação causou cerca de 20 dispensas médicas, sendo que quatro foram casos de internação hospitalar. "Nós já vínhamos atuando no limite. Foi a gota d'água", afirmou.
Ele rechaça a idéia de que tenha havido algum tipo de acordo com o governo para reduzir os atrasos nos aeroportos. "A atitude [de trabalho] é a mesma."
Rodrigues diz que os controladores não fizeram reivindicações ao ministro Waldir Pires (Defesa). "Não sou sindicalista, sou controlador de tráfego aéreo. Não fomos lá fazer reivindicações, fomos pedir socorro." Segundo ele, uma eventual gratificação salarial não vai ser solução. "Não resolve, o problema é estrutural", disse.
Rodrigues diz que hoje um controlador chega a ficar uma hora acompanhado o mesmo avião. "Isso não existe em lugar nenhum do mundo."


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