São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2006

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Setor de turismo promete ressarcir cliente

Associação das operadoras anunciou que passageiros prejudicados por crise nos aeroportos serão reembolsados integralmente

Rede hoteleira ainda não avaliou o prejuízo causado pelas desistências, mas diz que ocupação das vagas ficou abaixo do esperado


REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) anunciou ontem que os clientes que desistiram ou não puderam viajar no feriado de Finados por causa dos atrasos e cancelamentos de vôos serão ressarcidos "integralmente". A entidade ainda não tem um número exato das pessoas que deixaram de viajar e admitiu que o setor terá prejuízos na "casa dos milhões".
O presidente da Braztoa, José Zuquim, ressaltou que as desistências foram alheias à vontade dos passageiros e que a entidade vai intermediar a devolução do valor que já foi pago aos hotéis e companhias aéreas. "A responsabilidade [pelos atrasos nos vôos] não é nossa, mas somos solidários aos passageiros", afirmou.
Zuquim disse que o número de pessoas que deixaram de viajar foi menor do que ele imaginava, mas não soube dizer quanto. Ele teve como base a desistência dos clientes de sua operadora: apenas 5% deles cancelaram a viagem.
O presidente da Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Eraldo Cruz, também disse que ainda não tem como mensurar o prejuízo da hotelaria. Ele adiantou que "com certeza" houve baixa na ocupação de hotéis do Rio, Florianópolis e Recife, onde 25% dos pacotes previstos para o feriado foram cancelados.
Em Pernambuco, a crise levou cerca de 3.500 pessoas a cancelarem suas reservas em hotéis e pousadas. O prejuízo diário com os cancelamentos é estimado em US$ 332,5 mil (R$ 705 mil), considerando-se que cada turista gasta, em média, US$ 95 por dia com hospedagem, alimentação, transporte, compras e lazer.
As companhias aéreas também não informaram quanto foi o prejuízo causado pela operação-padrão dos controladores de vôo. A assessoria da Gol diz não saber quanto foi o gasto extra da empresa. A assessoria da TAM afirmou que o levantamento deverá ser divulgado apenas na próxima semana.
O comandante Ronaldo Jenkins, assessor de Segurança de Vôo do SNEA (Sindicato Nacional de Empresas Aeroviárias), disse que aumentou em 30% o consumo de combustível das companhias aéreas nos últimos 15 dias. O motivo, segundo ele, está na atraso dos vôos. Mesmo no chão, o avião tem de ficar com o motor ligado para que o ar condicionado e outros equipamentos funcionem. O combustível representa 35% dos custos das companhias aéreas.

Procon
O Procon de Foz do Iguaçu (PR) autuou a TAM, Gol, Infraero (estatal que administra os aeroportos), Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e FAB (Força Aérea Brasileira) pelos atrasos e cancelamentos de vôos no aeroporto da cidade.
Segundo o coordenador do Procon no município, Cássio Machado, as multas podem variar de R$ 200 a R$ 3,1 milhões por empresa ou órgão autuado.
"Há prazo de dez dias para defesa e, em última instância, sabemos que todos vão culpar a União pela situação", disse.


Colaboraram FÁBIO GUIBU, JOSÉ MASCHIO e MARI TORTATO, da Agência Folha

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