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Apreensão de ecstasy pela PF cresce 725% no país
Até o mês de outubro deste ano, foram apreendidos 157 mil comprimidos da droga, contra 19 mil de todo o ano passado
SP lidera lista de apreensões e SC está em 2º lugar; para psicóloga da USP, consumo crescente explica alto índice de apreensão pela polícia
THIAGO REIS
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
A apreensão de ecstasy no
país pela Polícia Federal cresceu 725% neste ano em relação
a 2006. O advento das raves e o
aumento do consumo da droga
sintética por jovens são fatores
que explicam a tendência.
Até outubro, foram apreendidos 157 mil comprimidos.
Durante 2006, foram 19 mil.
Nesta semana, um jovem de 17
anos morreu em Itaboraí (45
km do Rio), em uma rave -festa de música eletrônica que pode durar 24 horas.
A suspeita é que ele tenha ingerido drogas em excesso. Ao
menos 18 pessoas, que apresentavam quadro de alucinação,
precisaram ser internadas durante esse mesmo evento.
Os dados da PF mostram que
São Paulo lidera a lista de
apreensões da droga, com 87
mil comprimidos -a maioria
no aeroporto de Guarulhos.
Logo atrás está Santa Catarina, com 35 mil -a PF aponta o
fato de o Estado ser palco freqüente de festas de música eletrônica como um dos motivos.
Para a psicóloga Stella Pereira de Almeida, o crescente consumo da droga explica o alto índice de apreensão. Tese de doutorado da USP defendida por
ela em 2005 apontou que, de
1.140 usuários entrevistados,
55,3% haviam experimentado a
droga dois anos antes.
"É claro e notório que o uso
está em ascendência. A droga é
fácil de consumir, os efeitos são
prazerosos." Segundo ela, a
tríade "juventude, vanguarda e
música" sempre é associada a
algum tipo de droga em determinada época. "O ecstasy, parece, veio para ficar."
Para a PF, a apreensão recorde tem relação com a maior repressão nos aeroportos e em
zonas de fronteira. A polícia diz
que há outras formas de negociação, como pela internet e
por remessas via correio.
A polícia aponta ainda que a
apreensão se dá em aeroportos
porque a maior parte do ecstasy é fabricada em laboratórios na Europa.
A Secretaria Nacional Antidrogas informou, entretanto,
que o primeiro laboratório
clandestino de ecstasy foi descoberto já em 2000 no Brasil, o
que reforça a suspeita de produção crescente por aqui.
Perfil
O perfil do traficante de ecstasy é diferente do de outras
drogas, como maconha e cocaína. Para a polícia, são jovens de
classes média e alta que fazem
uso da droga no exterior e que,
além de consumidores, tornam-se vendedores para sustentar o vício e obter renda.
O delegado da PF Maurício
Manica afirma que o criminoso
que vende ecstasy costuma ter
atuação discreta. "É um traficante que tem uma rede de
contatos, mas não uma organização criminosa violenta", diz.
O ecstasy provoca aumento
da energia, sociabilidade e disposição sexual, além de sensação de euforia e bem-estar.
Há, no entanto, efeitos indesejáveis como ansiedade, insônia, alucinação, tensão psíquica, boca seca, taquicardia, hipertensão arterial, perda de
apetite e dores.
Para a pesquisadora da USP,
como a droga causa dependência, a redução de danos ainda é
o método mais indicado para
evitar efeitos colaterais.
Neste ano, um projeto de
pesquisa coordenado por ela, o
Baladaboa, chegou a ser suspenso pela Fapesp (Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), por ser considerado apológico. Panfletos
com dicas de como consumir a
droga com menos risco eram
entregues durante as raves.
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