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LINO EPIFÂNIO DA SILVA
(1931-2009)
Dedicado, até curso fez para administrar o cemitério
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais da metade da vida de
Lino Epifânio da Silva foi passada dentro do cemitério
Nossa Senhora da Piedade,
em Cuiabá (MT). Foram 46
anos caminhando entre jazigos e cuidando de sepulturas,
como conta o filho Joel, também funcionário do local.
Sua história no Piedade começou por culpa de um irmão, que trabalhava lá e o
chamou para ser servente de
pedreiro do lugar. Ficou dez
anos exercendo a atividade.
Atual zelador, era tão dedicado à profissão que, em 1993,
fez um curso de arquitetura e
administração de cemitérios.
Chamava o local onde trabalhava de centro cultural, devido à diversidade étnica das
pessoas lá enterradas.
Já viu muita coisa durante
o trabalho. Há dois anos, numa entrevista a um jornal local, lembrou-se de um episódio envolvendo uma senhora
que passou horas decorando
o túmulo de parentes com flores. No dia seguinte, a mesma
senhora estava sendo enterrada naquele mesmo túmulo.
Outra vez, foi chamado por
uma mulher que dizia ver um
homem de branco ao lado de
um cruzeiro. Ele olhou, mas
não viu nada. Medo de fantasmas, teve um pouquinho no
começo, mas depois passou.
No sábado, ficou de chegar
cedo ao cemitério para resolver pendências nos preparativos para o Dia de Finados.
Naquele dia, Lino, que já
vencera um câncer de próstata, foi atropelado por uma
moto e morreu aos 78, deixando oito filhos, nove netos
e cinco bisnetos. Como queria, foi enterrado em outro cemitério, junto dos familiares.
coluna.obituario@uol.com.br
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