São Paulo, quarta-feira, 04 de novembro de 2009

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LINO EPIFÂNIO DA SILVA
(1931-2009)


Dedicado, até curso fez para administrar o cemitério

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais da metade da vida de Lino Epifânio da Silva foi passada dentro do cemitério Nossa Senhora da Piedade, em Cuiabá (MT). Foram 46 anos caminhando entre jazigos e cuidando de sepulturas, como conta o filho Joel, também funcionário do local.
Sua história no Piedade começou por culpa de um irmão, que trabalhava lá e o chamou para ser servente de pedreiro do lugar. Ficou dez anos exercendo a atividade.
Atual zelador, era tão dedicado à profissão que, em 1993, fez um curso de arquitetura e administração de cemitérios.
Chamava o local onde trabalhava de centro cultural, devido à diversidade étnica das pessoas lá enterradas.
Já viu muita coisa durante o trabalho. Há dois anos, numa entrevista a um jornal local, lembrou-se de um episódio envolvendo uma senhora que passou horas decorando o túmulo de parentes com flores. No dia seguinte, a mesma senhora estava sendo enterrada naquele mesmo túmulo.
Outra vez, foi chamado por uma mulher que dizia ver um homem de branco ao lado de um cruzeiro. Ele olhou, mas não viu nada. Medo de fantasmas, teve um pouquinho no começo, mas depois passou.
No sábado, ficou de chegar cedo ao cemitério para resolver pendências nos preparativos para o Dia de Finados.
Naquele dia, Lino, que já vencera um câncer de próstata, foi atropelado por uma moto e morreu aos 78, deixando oito filhos, nove netos e cinco bisnetos. Como queria, foi enterrado em outro cemitério, junto dos familiares.

coluna.obituario@uol.com.br


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