São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

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Caso da menina do Pará parece "coisa de ficção", diz Lula

Foi a primeira vez que o presidente falou sobre o caso, quase duas semanas após a denúncia sobre a prisão de L.

Alta Comissária da ONU, no Brasil, afirmou que caso é "assustador'; Ellen Gracie apontou responsabilidade do Poder Judiciário

JOHANNA NUBLAT
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Abominável" e "coisa de ficção" foi como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou ontem o fato de uma menina de 15 anos ter sido presa junto com homens, no Pará, e ter sofrido abusos sexuais na cadeia.
"O que aconteceu no Pará é abominável, não é possível a gente contar, porque parece uma coisa de ficção. Vários delegados prendem uma criança, acreditam na idade que ela dá, não tem nenhuma investigação. Eles viram aquilo como algumas pessoas vêem o Brasil: essa menina é um objeto e deve ser jogado às traças", disse, durante abertura da sétima Conferência Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente.
Foi a primeira vez que o presidente falou sobro o caso, quase duas semanas após a denúncia sobre a prisão da menina L..
Ainda responsabilizando os delegados envolvidos, Lula disse que a existência de uma única cela, para homens, não deveria ser desculpa para ali prender uma mulher. "Não importa se é menor ou maior. Se fosse uma senhora de 70 anos, ainda assim, ela não poderia estar na mesma cela com os homens."
No discurso, Lula também falou de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas. "Muitas vezes, o erro não está no adolescente, está na ausência do Estado e, quem sabe, na má educação que os pais dão dentro de casa", disse.
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Louise Arbour, disse ontem que "alguém precisa responder pelo ato que aconteceu". Logo após um encontro com Lula no Planalto, ela classificou o caso de "assustador". "Acho que num país como o Brasil, onde há problema sério de superpopulação prisional, a primeira coisa que precisa ser feita é verificar esta questão da prisão antes do julgamento."
Já a presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Ellen Gracie, disse ontem, em Belo Horizonte, que a Justiça também tem responsabilidade. "Haverá sempre uma falha do Judiciário quando houver ofensa a direitos humanos, porque o Judiciário é a ultima trincheira do cidadão."


Colaborou a Agência Folha, em Belo Horizonte


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