DA REPORTAGEM LOCAL

Após lançar um livro em que relata irregularidades no Instituto Central do Hospital das Clínicas de São Paulo, o médico Waldemir Rezende, 48, corre o risco de ser demitido. Contratado em regime não-estável em 1993, o médico atua na Divisão de Clínica Obstétrica do HC.
Na semana passada, o HC abriu uma sindicância para apurar suposta "transgressão de deveres e proibições funcionais, que configuram procedimentos irregulares de natureza grave". Segundo o texto, publicado no "Diário Oficial" do Estado, o médico está sujeito a demissão por justa causa.
A obra "Estação Clínicas" conta histórias de superfaturamento, compras sem licitação e furtos, entre outras irregularidade que Rezende encontrou no HC ao assumir o cargo de diretor, em dezembro de 2002.
O médico não cita nomes, mas diz que todos os casos foram documentados em atas e transformados em sindicâncias internas e boletins de ocorrência. O instituto tem orçamento de R$ 7 milhões mensais.
Rezende diz que estranha o fato de a sindicância, que deveria ter caráter preliminar de apuração dos fatos, já tenha vindo praticamente com a sentença de demissão. "Parece que ser honesto e tratar o hospital com probidade foi considerado crime. Nada mais fiz do que demonstrar uma gestão de sucesso acompanhado da maioria dos funcionários."
Procurado, o HC informou que a sindicância tem objetivo de apurar as "graves denúncias" feitas pelo médico e que o texto não teve intenção de condenar o médico previamente. (CLÁUDIA COLLUCCI)


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