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Instituto dá aval a teste que detecta o HIV pela saliva
Resultado sai em 20 minutos e é 99% confiável; exame é usado nos EUA desde 2004
Produto ainda precisa ser aprovado pela Anvisa para ser comercializado, o que deve ocorrer neste mês; preço não está definido
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Aprovado e comercializado
nos EUA desde 2004, o teste rápido de detecção de HIV por via
oral foi lançado ontem no Brasil, em evento científico no Rio.
O exame usa amostras de saliva
(fluido oral), o resultado sai em
20 minutos e é 99% confiável.
O teste recebeu aval do
INCQS (Instituto Nacional de
Controle de Qualidade em Saúde), mas ainda não foi aprovado
pela Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária). O preço do teste no Brasil também
não está definido-nos EUA,
custa o equivalente a R$ 35.
A expectativa é que a Anvisa
aprove o teste até o final deste
mês e, assim, ele estará à disposição em clínicas e laboratórios
particulares a partir de janeiro.
Ainda não foi definido o preço.
O Programa Nacional de DST
e Aids, do Ministério da Saúde,
informou ontem que aguarda o
registro do produto para avaliar a sua inclusão ou não no
serviço público de saúde.
Assim como nos EUA, o teste
oral, chamado OraQuick, não
estará à venda nas farmácias
brasileiras, segundo o fabricante OralSure Technologies. Será
usado em centros de saúde,
hospitais e laboratórios-sempre com presença de um técnico para interpretá-lo e de um
serviço de aconselhamento.
Exame de sangue
O Brasil já dispõe de outros
testes rápidos de HIV, que demoram em média 40 minutos
para ficarem prontos, mas precisam de amostras de sangue
-que demanda mais profissionais e material para a realização. Esses exames são empregados em serviços de triagem
de emergência, como em mulheres em trabalho de parto
que não passaram pelo exame
no pré-natal.
Já o resultado dos testes tradicionais usados para detectar
o HIV, disponíveis na rede pública, pode demorar de três a 40
dias (dependendo da região do
país). Para especialistas, essa
demora é um dos fatores que
faz com que 30% das pessoas
que se submetem ao teste não
voltem para buscar o resultado.
O teste oral pode detectar anticorpos do HIV-1 e do HIV-2 e
é fácil de ser aplicado. Basta
passar uma palheta (parecida
com um cotonete) na gengiva e,
então, mergulhá-la numa solução líqüida reveladora. Se o resultado for positivo, duas linhas
vermelhas aparecerão.
A médica Ely Côrtes, chefe
do setor de infectologia e coordenadora do Programa de Aids
do Hospital da Lagoa, no Rio
(ligado ao Ministério da Saúde), afirma que, em casos positivos, o resultado do teste deverá ser confirmado por outros
exames tradicionais de sangue.
Para Côrtes, é fundamental
que a pessoa testada tenha o suporte de um serviço de aconselhamento após o teste. "Não é
brincadeira. Se der positivo, ele
recebe o aconselhamento. Se
der negativo, ele também deve
ser orientado porque, se fez o
teste, é porque esteve numa situação de risco."
A médica explica que o fato
de o fluido oral (ela evita dizer
saliva) ser usado como meio de
testagem não quer dizer que
exista vírus da Aids na saliva. "É
preciso deixar isso muito claro.
O que pode existir no fluido
oral são os anticorpos do vírus,
que não são transmitidos para
uma outra pessoa."
Côrtes afirma que o teste oral
é mais prático por dispensar
agulha, seringa, entre outros
apetrechos, além de profissionais para a coleta, análise e interpretação dos dados e informação do resultado ao paciente. Nos EUA, o exame oral foi
incluído em campanhas públicas de detecção do HIV.
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