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Ensino superior para de crescer em SP
Após alta de anos anteriores, número de alunos que ingressaram nas instituições privadas aumentou apenas 0,6% entre 2007 e 2008
Especialistas divergem sobre causas da estagnação, mas defendem que taxa de ingresso de alunos precisa voltar a crescer
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Após três anos de crescimento, o número de alunos que entra nas universidades privadas
de São Paulo parou de crescer,
ainda que a maioria dos jovens
esteja fora do ensino superior.
Segundo o censo do Ministério da Educação, o número de
ingressantes no sistema aumentou apenas 0,6% entre
2007 e o ano passado -ou seja,
ficou estável. No período anterior, havia crescido 14,8%.
Os dados foram tabulados
por Oscar Hipólito, ex-diretor
da USP de São Carlos e pesquisador do Instituto Lobo.
A desaceleração ocorre em
um momento em que só 15%
dos jovens no Estado estão no
ensino superior. O Plano Nacional de Educação prevê como
meta um patamar de 30%.
As explicações para a queda
do crescimento são diversas. As
universidades privadas afirmam que a taxa vinha aumentando devido ao Prouni, programa criado pelo governo federal em 2005 que concede
bolsas a estudantes pobres em
universidades privadas, em troca de isenção fiscal às escolas.
Para o sindicato que representa as universidades, o modelo chegou ao ápice e não conseguirá aumentar mais a quantidade de alunos. A taxa de novas bolsas caiu de 21,1% em
2007 para 1,1% no ano seguinte.
O governo Lula diz que houve desaceleração devido ao aumento da fiscalização e da criação de indicadores de qualidade, como o Enade, o que inibe o
crescimento de cursos ruins.
Já o presidente da Câmara de
Educação Superior do Conselho Estadual de Educação-SP,
João Cardoso Palma Filho, cita
a opção das instituições por implementar cursos baratos, mas
que enfrentam saturação de diplomados no mercado de trabalho -é a situação de administração e direito.
Dessa forma, afirma ele, o jovem fica desestimulado a procurar uma faculdade.
Nova aceleração
Apesar de discordarem dos
motivos que levaram à desaceleração, os educadores ouvidos
foram unânimes em afirmar
que a taxa de ingresso de alunos
precisa voltar a crescer.
O MEC aposta no novo modelo do Fies, programa federal
de financiamento estudantil,
que pode ser aprovado na próxima semana pelo Congresso.
O projeto prevê juros mais
baixos (de 6,5% para 3,5%),
tempo maior para pagar a dívida e um período de 18 meses de
carência (o aluno só começa a
pagar a dívida um ano e meio
após ter se formado).
"Hoje o aluno tem medo de
pegar o financiamento. Vamos
mudar isso", disse a secretária
de Ensino Superior do MEC,
Maria Paula Dallari Bucci.
Neste ano, 32 mil alunos fizeram o financiamento. O MEC
diz ter recursos para financiar
200 mil no ano que vem.
O Semesp (sindicato das particulares de SP) propõe outras
duas alternativas. Uma é abater
mais impostos no Prouni, em
troca de aumento de bolsas. A
ideia vai ser levada à União.
A outra é a possibilidade de o
estudante usar o fundo de garantia para pagar o curso superior -proposta que está nos
passos iniciais de análise no
Congresso. "Se o FGTS pode financiar a casa própria, por que
não os estudos?", afirmou o diretor-executivo do sindicato,
Rodrigo Capelato.
Já o pesquisador Oscar Hipólito sugere que o financiamento
seja mais amplo, com condições mais favoráveis aos alunos
e que possa custear também
gastos como material escolar.
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