São Paulo, sexta-feira, 04 de dezembro de 2009

Próximo Texto | Índice

Ensino superior para de crescer em SP

Após alta de anos anteriores, número de alunos que ingressaram nas instituições privadas aumentou apenas 0,6% entre 2007 e 2008

Especialistas divergem sobre causas da estagnação, mas defendem que taxa de ingresso de alunos precisa voltar a crescer

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após três anos de crescimento, o número de alunos que entra nas universidades privadas de São Paulo parou de crescer, ainda que a maioria dos jovens esteja fora do ensino superior.
Segundo o censo do Ministério da Educação, o número de ingressantes no sistema aumentou apenas 0,6% entre 2007 e o ano passado -ou seja, ficou estável. No período anterior, havia crescido 14,8%.
Os dados foram tabulados por Oscar Hipólito, ex-diretor da USP de São Carlos e pesquisador do Instituto Lobo.
A desaceleração ocorre em um momento em que só 15% dos jovens no Estado estão no ensino superior. O Plano Nacional de Educação prevê como meta um patamar de 30%.
As explicações para a queda do crescimento são diversas. As universidades privadas afirmam que a taxa vinha aumentando devido ao Prouni, programa criado pelo governo federal em 2005 que concede bolsas a estudantes pobres em universidades privadas, em troca de isenção fiscal às escolas.
Para o sindicato que representa as universidades, o modelo chegou ao ápice e não conseguirá aumentar mais a quantidade de alunos. A taxa de novas bolsas caiu de 21,1% em 2007 para 1,1% no ano seguinte.
O governo Lula diz que houve desaceleração devido ao aumento da fiscalização e da criação de indicadores de qualidade, como o Enade, o que inibe o crescimento de cursos ruins.
Já o presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Estadual de Educação-SP, João Cardoso Palma Filho, cita a opção das instituições por implementar cursos baratos, mas que enfrentam saturação de diplomados no mercado de trabalho -é a situação de administração e direito.
Dessa forma, afirma ele, o jovem fica desestimulado a procurar uma faculdade.

Nova aceleração
Apesar de discordarem dos motivos que levaram à desaceleração, os educadores ouvidos foram unânimes em afirmar que a taxa de ingresso de alunos precisa voltar a crescer.
O MEC aposta no novo modelo do Fies, programa federal de financiamento estudantil, que pode ser aprovado na próxima semana pelo Congresso.
O projeto prevê juros mais baixos (de 6,5% para 3,5%), tempo maior para pagar a dívida e um período de 18 meses de carência (o aluno só começa a pagar a dívida um ano e meio após ter se formado).
"Hoje o aluno tem medo de pegar o financiamento. Vamos mudar isso", disse a secretária de Ensino Superior do MEC, Maria Paula Dallari Bucci.
Neste ano, 32 mil alunos fizeram o financiamento. O MEC diz ter recursos para financiar 200 mil no ano que vem.
O Semesp (sindicato das particulares de SP) propõe outras duas alternativas. Uma é abater mais impostos no Prouni, em troca de aumento de bolsas. A ideia vai ser levada à União.
A outra é a possibilidade de o estudante usar o fundo de garantia para pagar o curso superior -proposta que está nos passos iniciais de análise no Congresso. "Se o FGTS pode financiar a casa própria, por que não os estudos?", afirmou o diretor-executivo do sindicato, Rodrigo Capelato.
Já o pesquisador Oscar Hipólito sugere que o financiamento seja mais amplo, com condições mais favoráveis aos alunos e que possa custear também gastos como material escolar.


Próximo Texto: Barbara Gancia: É com você, Lombardi
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.