São Paulo, sábado, 04 de dezembro de 2010

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Grupo diz que bilhete da Mega-Sena foi desviado

Funcionários de prefeitura gaúcha afirmam que colega fraudou bolão

Acusado de entregar bilhete premiado a ganhador de cidade vizinha diz que está deprimido com suspeita


GRACILIANO ROCHA
DE PORTO ALEGRE

A polícia do Rio Grande do Sul apura a possibilidade de o homem que ganhou R$ 119 milhões da Mega-Sena em outubro não ser o apostador das dezenas premiadas, mas um "laranja" de um suposto esquema de fraude.
A suspeita foi levantada por um grupo de funcionários da Prefeitura de Fontoura Xavier, que alega que um dos volantes -justamente o que tinha as dezenas sorteadas- foi desviado do bolão que eles fizeram para concorrer ao prêmio acumulado.
O inquérito que apura a suspeita de apropriação indébita e estelionato foi instaurado há cerca de 40 dias. O delegado Heliomar Franco não fala, porém, sobre o caso, alegando que a investigação corre em sigilo.
Sem provas de que escolheram as dezenas premiadas, os servidores acusam um colega, responsável por fazer as apostas, de desviar o comprovante e repassá-lo a um amigo -cujo nome não foi divulgado pela polícia- para não ter de dividir o prêmio com os outros dez participantes do bolão.
Na versão de um dos denunciantes, o operador de máquinas Sebastião Quevedo, 61, o grupo fez a aposta em outubro com 19 cartões de R$ 110 (55 combinações de seis dezenas).
Segundo Quevedo, o responsável por fazer a aposta apareceu com 18 cartões no dia seguinte ao sorteio. Depois, ele voltou para casa e reapareceu com o que seria o 19º cartão. Só que esse era referente a uma aposta feita em setembro. Foi então que o grupo foi à polícia.
"Foi a maior injustiça o que fizeram com a gente", diz Quevedo.

OUTRO LADO
Acusado pelos colegas, o funcionário público Décio Sabadin, 61, já prestou dois depoimentos à polícia e negou ter participado do suposto esquema.
"Estou deprimido, parece que eu estou sonhando. Onde é que já se viu deixar meus colegas de fora e entregar um prêmio desses para um estranho com quem eu nem tenho amizade? Fizeram uma acusação falsa", defende-se.
Indagado pela Folha, Sabadin admitiu conhecer o empresário da cidade vizinha de São José do Herval que recebeu o prêmio, mas disse que não tem mantido contato com ele.
Não é a única polêmica em torno do prêmio. A Procuradoria Regional da Fazenda Nacional conseguiu o bloqueio judicial de R$ 2,5 milhões da conta desse mesmo empresário porque ele deixou de pagar tributos e contribuições previdenciárias.
Outra polêmica em torno da Mega-Sena no RS ocorreu em Novo Hamburgo, em março, quando um grupo de apostadores "ganhou" o prêmio, mas não levou o dinheiro, pois a lotérica não registrou a aposta -um bolão vendido pela própria loja.


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