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Heróis eram os "vagabundos do rafting"
DO ENVIADO ESPECIAL
Quando Diego Fernando Pires dos Reis, 36, começou a praticar um esporte chamado rafting, alguns dos moradores de
São Luiz do Paraitinga não
gostaram da ideia. "Muitos nos chamavam de vagabundos, maconheiros.
Algumas dessas pessoas
foram salvas, agora, por
nós", conta ele.
Reis e um grupo de sete
amigos importaram a novidade em 1996.
Para sorte da população
de São Luiz, em especial de
500 pessoas resgatadas na
madrugada de sábado, a
aventura deu certo.
Reis participou de um
dos mais complicados salvamentos. Numa casa,
uma mulher com quatro
filhos deficientes mentais.
Duas mulheres com mais
de 150 quilos. "Não tínhamos força para remar com
tanto peso. Estávamos em
cinco no bote, com capacidade para seis pessoas. Ficamos em dez."
"A força da água estava
muito forte. Agarramos
nos cabos de telefone e fomos "arrastando" o bote
até a margem", disse.
Nem todas as pessoas viram com preconceito o esporte. Algumas até incentivaram os filhos. Entre elas
está o diretor de escolas Alfredo Fontes, 62, conhecido como Jacaré, que foi socorrido do telhado de casa
por um dos colegas do filho. "Muita gente chamou
meu filho de vagabundo.
São meninos de ouro."
Quem participou do salvamento de Jacaré foi Rodolfo de Paula Leite, 25, o
Requeijão. Que também
salvou a família da secretária Maria Aparecida de Toledo Castro, 53. "O carinho
dessa gente é muito grande. Ele falou de um jeito
com meu pai, de 85 anos:
"Seu Carlitos, confia em
mim e se joga nos meus
braços". E ele se jogou."
Anteontem, Reis e seus
colegas foram aplaudidos
por moradores quando o
governador José Serra
(PSDB) foi parabenizá-los.
"Deus me deu força para
fazer esse trabalho [de salvamento]. Agora, quero
força para ajudar a reconstruir a cidade."
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