São Paulo, terça-feira, 05 de janeiro de 2010

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Heróis eram os "vagabundos do rafting"

DO ENVIADO ESPECIAL

Quando Diego Fernando Pires dos Reis, 36, começou a praticar um esporte chamado rafting, alguns dos moradores de São Luiz do Paraitinga não gostaram da ideia. "Muitos nos chamavam de vagabundos, maconheiros. Algumas dessas pessoas foram salvas, agora, por nós", conta ele.
Reis e um grupo de sete amigos importaram a novidade em 1996.
Para sorte da população de São Luiz, em especial de 500 pessoas resgatadas na madrugada de sábado, a aventura deu certo.
Reis participou de um dos mais complicados salvamentos. Numa casa, uma mulher com quatro filhos deficientes mentais. Duas mulheres com mais de 150 quilos. "Não tínhamos força para remar com tanto peso. Estávamos em cinco no bote, com capacidade para seis pessoas. Ficamos em dez."
"A força da água estava muito forte. Agarramos nos cabos de telefone e fomos "arrastando" o bote até a margem", disse.
Nem todas as pessoas viram com preconceito o esporte. Algumas até incentivaram os filhos. Entre elas está o diretor de escolas Alfredo Fontes, 62, conhecido como Jacaré, que foi socorrido do telhado de casa por um dos colegas do filho. "Muita gente chamou meu filho de vagabundo. São meninos de ouro."
Quem participou do salvamento de Jacaré foi Rodolfo de Paula Leite, 25, o Requeijão. Que também salvou a família da secretária Maria Aparecida de Toledo Castro, 53. "O carinho dessa gente é muito grande. Ele falou de um jeito com meu pai, de 85 anos: "Seu Carlitos, confia em mim e se joga nos meus braços". E ele se jogou."
Anteontem, Reis e seus colegas foram aplaudidos por moradores quando o governador José Serra (PSDB) foi parabenizá-los. "Deus me deu força para fazer esse trabalho [de salvamento]. Agora, quero força para ajudar a reconstruir a cidade."


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