São Paulo, terça-feira, 05 de janeiro de 2010

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Cidade perde 200 imóveis, sendo 36 históricos

DO ENVIADO ESPECIAL

Um grupo de homens se reuniu ontem em frente à praça do coreto, no centro histórico de São Luiz do Paraitinga, para fazer uma contagem dos prejuízos ao patrimônio histórico da cidade: duas igrejas, uma escola, 15 sobrados e 18 casas. Entre bens tombados e moradias sem valor histórico, o número de imóveis destruídos pelas chuvas no fim de semana deve ultrapassar 200 edifícios. Cinco prédios, dos sete mais importantes do patrimônio cultural da cidade, desmoronaram. Nessa lista estão as igrejas matriz, com cerca de cem anos, e das Mercês, em torno de dois séculos de história. A estimativa da prefeitura é que 80% dos 90 prédios tombados estão ou serão destruídos. "Parece um cemitério", resumiu o padre Edson Carlos Alves Rodrigues. "Vamos reconstruir a igreja, mas primeiro temos que cuidar do povo." Dos prédios mais importantes que não ruíram estão a igreja do Rosário, que agora serve de abrigo para quem teve de deixar suas moradias, e a casa de um dos filhos mais ilustres de São Luiz, o sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917). Ambos estão fora da área inundada. Segundo a prefeitura e o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), a igreja matriz, que caiu no sábado, passou por uma avaliação do instituto e, apesar das profundas rachaduras de mais de 20 anos, não corria risco de desabar. Para o pesquisador do IPT Luiz Antonio Gomes, as rachaduras não causaram a queda. "De zero a cem, elas contribuíram 5%". Com a igreja matriz, afirma Percival Tirapelli, consultor da Unesco e professor da Unesp, caiu uma arquitetura única, que representava um período de romanização das igrejas brasileiras. "Aquela arquitetura da matriz não era barroca e nem rococó. Ela é testemunha de um período em que a igreja romana estava voltando ao país". Para o especialista, que passou pela cidade no dia 1º, antes da inundação, a reconstrução agora é fundamental. "São Luís tem um bem imaterial, as festas populares, que não sobrevivem sem a sua arquitetura". (RP)


Colaborou EDUARDO GERAQUE , da Reportagem Local


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