São Paulo, quarta-feira, 05 de janeiro de 2011

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Operação-padrão na TAM atrasa voos

Pilotos e comissários têm se recusado a trabalhar a mais ou suspender folgas; empresa diz desconhecer movimento

Ontem, 51% dos voos domésticos da TAM tiveram atrasos de mais 30 minutos, contra uma média de 28%


MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Parte de pilotos e comissários da TAM, maior companhia aérea do país, iniciou operação-padrão, atrasando mais de 50% dos voos da empresa nos últimos três dias.
Desde então, os funcionários estão "cumprindo estritamente a regulamentação profissional e os manuais internacionais das empresas", afirma Gelson Fochesato, presidente do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas).
Isso significa que os funcionários têm se recusado a alterar escalas de trabalho, abrir mão de folgas legais ou exceder a jornada diária.
Fochesato diz que a operação não é comandada pelo sindicato. São atos voluntários de tripulantes insatisfeitos com o excesso de trabalho, diz. "O objetivo é preservar a saúde do trabalhador."
O ânimo entre trabalhadores e empresas se acirrou nas últimas semanas, quando fracassaram tentativas de negociação de reajuste salarial.
A categoria reivindica aumento de 15%, mas as empresas oferecem 8%. A negociação deve ser retomada no dia 7. "Não aceitaremos 8% e a greve voltará à pauta."
A TAM informou que "opera em segurança e com respeito à Lei do Aeronauta e desconhece qualquer movimento como o relatado".
A empresa atribuiu os atrasos "a um conjunto de fatores." Mas cita apenas um: "fechamento de aeroportos devido à meteorologia".
Segundo a empresa, os problemas acabaram "prejudicando conexões, inclusive internacionais, levando a companhia a fazer ajustes em sua malha aérea, em período de grande demanda".
Por conta dos atrasos, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) decidiu estender até sexta a operação especial de final de ano.
A Anac informou que não recebeu nenhuma comunicação das companhia com relação à operação-padrão.
Até as 20h de ontem, 50,7% dos voos domésticos da TAM estavam atrasados.
Isso representa 377 voos de um total de 642 que atrasaram mais de 30 minutos em todo o país, considerando todas as empresas. O índice de atraso no setor foi de 28,5%.
Em Congonhas, passageiros reclamaram dos atrasos.
A comerciária Josedite dos Santos, 56, iria embarcar em Ilhéus (BA) às 14h20 rumo a São Paulo, mas seu voo só saiu três horas depois. Ela disse que só foi informada do motivo da demora dentro do avião pelo comandante, que disse que foi necessário esperar uma nova equipe para evitar que os funcionários tivessem de fazer hora-extra.
Em Brasília, um grupo revoltado com o atraso em um voo da TAM depredou um ônibus da Infraero. O voo Brasília-Florianópolis sairia na noite de anteontem, mas foi cancelado e remarcado para ontem, quando houve ameaça de novo atraso.
Segundo a TAM, o problema ocorreu devido a "ajustes". A Infraero diz que repassará o prejuízo à empresa.

Colaboraram CRISTINA MORENO DE CASTRO e a Sucursal de Brasília


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