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Para educadores, mudar a progressão não basta
Divisão de ciclos deve ser acompanhada de outras mudanças, defendem especialistas
DE SÃO PAULO
A mudança na progressão
continuada no ensino do Estado de São Paulo foi elogiada por educadores ouvidos
pela reportagem. Mas eles
ressaltam que ela precisa ser
aliada a outras alterações.
Ontem, a Folha divulgou
que os ciclos do ensino fundamental devem passar para
três, elevando o número de
séries em que o aluno é avaliado de forma mais completa e pode ser reprovado.
Hoje, isso acontece ao final do quinto e do nono ano.
Com a mudança, poderá
ocorrer também no terceiro
ano, ao final do ciclo de alfabetização dos alunos.
"A medida é interessante,
mas inócua se não acompanhada de outras mudanças
fundamentais, como uma
melhor organização dos ciclos e um professor tutor, que
acompanhe de perto o aluno", afirma o professor da
Faculdade de Educação da
USP Nilson José Machado.
Para Rose Neubauer, professora aposentada da mesma faculdade e ex-secretaria
de educação de SP, a medida
precisa ser acompanhada de
uma recuperação sistêmica.
"Tem que recuperar o aluno passo a passo, não ao final de cada ciclo. Deixar para
corrigir tudo só no final não
vai adiantar."
REPETÊNCIA
Maria Helena Guimarães,
ex-secretária de educação estadual SP, diz que a mudança para os três ciclos foi considerada a mais adequada.
Ela participou de um grupo
de estudos que avaliou no
ano passado uma série de
possíveis mudanças no regime de progressão continuada, a pedido do então secretário, Paulo Renato Souza.
Segundo ela, a proposta
não é aumentar a reprovação, pois apenas "casos extremos" poderão ser retidos,
ao contrário do que acontece
ao final dos outros ciclos.
"As crianças com mais dificuldade seriam encaminhadas para salas de recuperação", afirma.
A Secretaria Estadual de
Educação também afirmou
que introduzirá uma prova
unificada para avaliar os alunos da rede.
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