São Paulo, quarta-feira, 05 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Projeto libera prédio alto no litoral norte

Limite nas praias de São Sebastião é de 9 m, mas construção de hospital pode abrir brecha para verticalização

Moradores são contra o aumento do gabarito de edificações na cidade; vereadores devem votar mudança nesta sexta


RICARDO GALLO
ENVIADO ESPECIAL AO LITORAL

A construção de um hospital público trouxe novamente à tona a ameaça de verticalização em São Sebastião, uma das áreas mais valorizadas do litoral norte paulista.
Uma audiência pública às 19h de hoje discutirá projeto do prefeito Ernane Bilotte Primazzi (PSC) que prevê alterar a lei de uso e parcelamento do solo do município para permitir justamente as obras do hospital.
A legislação atual estabelece 9 metros como limite para edificações na cidade, pouco menos de três andares. O hospital que a prefeitura quer criar terá 10,6 metros.
O projeto deverá ser levado a votação depois de amanhã pela Câmara, em sessão extraordinária. A tendência é que o texto seja aprovado.
Promovida pelos vereadores, a audiência ocorre por pressão de moradores e organizações não governamentais de São Sebastião, segundo as quais o projeto abre precedentes para a liberação de prédios mais altos.
O medo é que, uma vez aberta a brecha na lei, construtores consigam na Justiça se beneficiar do mesmo direito para erguer prédios acima do padrão atual.
"Não somos contra o hospital. A luta é pelo tamanho do prédio. Existe um temor da comunidade de que haja uma brecha para outros prédios serem construídos", diz Ana Soares, moradora de Boiçucanga e ex-presidente da associação de moradores.

AUDIÊNCIA
É a segunda audiência pública sobre o assunto. Na primeira, em 22 de dezembro, o prefeito afirmou que a alteração é "pontual e específica pois só identifica o imóvel onde será construído o hospital". Ele se declarou contrário à verticalização a cidade.
São Sebastião tem cerca de 30 praias, algumas das quais com imóveis de milhões de reais, como Camburi, Juqueí, Barra do Sahy e Maresias.
Segundo a prefeitura, o hospital é essencial ao município e a localização, na principal avenida de Boiçucanga, na costa sul de São Sebastião, é estratégica.
A mudança na lei se justifica, diz o prefeito, porque a prefeitura não tinha recursos para comprar um terreno maior. A área atual, de 3.600m2, foi desapropriada em julho do ano passado por R$ 2,98 milhões.
Primazzi descartou construir o hospital no interior do bairro, porque o fluxo de carros na temporada atrapalharia as ambulâncias.
O projeto do hospital prevê capacidade para 66 leitos e reduzirá a demanda do Hospital das Clínicas, no centro da cidade, em cerca de 40%, disse o prefeito. Haverá melhorias também no atendimento às gestantes, argumentou Primazzi.
Em 2006, projeto de alteração do Plano Diretor determinava o aumento da altura máxima dos prédios construídos em São Sebastião. Após pressão popular, a proposta não vingou.


Texto Anterior: Foco: "Hit" do verão insinua sexo entre heróis de quadrinhos
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.