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Prejuízo é geral, diz professor
DA REPORTAGEM LOCAL
O drama de Nalva e Carlinhos é
só um entre muitos casos, diz Ricardo Ferreira Bento, professor de
otorrinolaringologia do Hospital
das Clínicas. "É um sistema onde
todo mundo perde e a instituição
desperdiça sua capacidade."
"É preciso ter paciência", afirma
Bento. "Uma radiografia demora
quatro meses. Uma ressonância
demora mais de um ano. E, quando chega a vez, o equipamento está quebrado."
De acordo com o professor, o
Hospital das Clínicas reflete apenas a "saúde brasileira". "Como o
HC é um hospital terciário, de
ponta, ele não tem condições de
atender todos os casos."
O sistema reflete mais que uma
perda de tempo e de recursos. Reflete também a educação que está
sendo transmitida aos médicos
iniciantes. Se a escola não o ensinar a respeitar o paciente, ele tenderá a tratá-los mal lá fora.
"Estamos empenhados em inverter essa corrente; queremos
um ensino humanístico, onde o
paciente esteja no centro", afirma
Giovanni Guido Cerri, diretor da
Faculdade de Medicina e presidente do Conselho Deliberativo
do HC. Segundo ele, já vem ocorrendo uma redução no número
de exames e uma atenção mais
centrada no paciente. "Estamos
nos esforçando para devolver a
antiga relação médico-paciente.
O problema, aqui, é o gigantismo
do hospital."
Essa relação médico-paciente
acaba perturbada pela dinâmica
das residências, já que os grupos
fazem revezamentos por períodos. O médico de família só é possível nas unidades básicas e nos
hospitais locais.
Segundo Cerri, o hospital está
iniciando a substituição dos
prontuários de papel -estimados em 1,5 milhão- por prontuários eletrônicos, uma tarefa
que deverá levar anos.
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