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MENOR INFRATOR
Ministério Público fez visita-surpresa a complexo em Ribeirão Preto; entidade nega violência
Inspeção encontra feridos na Febem
ADRIANA MATIUZO
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Imagens e fotos feitas anteontem pelo Ministério Público Estadual durante uma visita-surpresa
ao complexo da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do
Menor) de Ribeirão Preto confirmam as agressões sofridas por
adolescentes de duas unidades.
Desde julho do ano passado, essa é a terceira vez que a Promotoria flagra, com fotos e filmagens,
marcas de agressões em adolescentes. A visita às unidades Rio
Pardo e Ribeirão Preto foi feita
depois de denúncias recebidas.
Segundo o Ministério Público,
cerca de 120 adolescentes disseram que foram agredidos após
uma revista realizada na manhã
de anteontem pelo Grupo de
Apoio, ou "choquinho", que se
deslocou de São Paulo.
Quinze jovens apresentavam
hematomas, principalmente na
cabeça e nas costas. Eles afirmaram ter sido agredidos com cassetetes e com os escudos dos funcionários. Os jovens passaram ontem por exames de corpo de delito, segundo a Febem.
O promotor da Infância e Juventude de Ribeirão Preto, Marcelo Pedroso Goulart, 46, e uma
comissão, formada por representantes de várias entidades, também registraram imagens de integrantes do "choquinho".
"O vestuário deles é idêntico ao
da tropa de choque da Polícia Militar. Não há como justificar tudo
isso para uma simples revista",
disse a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) de Ribeirão Preto, Ana Paula
Varga de Mello, 27, que também
participou da visita.
De acordo com Mello, os adolescentes foram encontrados seminus, de castigo em seus quartos
-as atividades foram canceladas.
Goulart instaurou ontem o segundo inquérito neste ano contra
a Febem. No dia 15 de janeiro ele
foi procurado por pais que denunciaram atos de violência contra os internos na UIP (Unidade
de Internação Provisória) Ouro
Verde, também no complexo de
Ribeirão Preto.
"Se essa orientação violenta
continuar, vamos ter outros incidentes mais graves. O nível de revolta dos adolescentes é muito
grande", disse o promotor.
De acordo com o promotor da
Infância e Juventude de São Paulo
Wilson Tafner, o ECA (Estatuto
da Criança e do Adolescente) diz
que o Estado tem obrigação de zelar pela integridade física e mental
dos internos. "Conter uma fuga é
dever do Estado. Espancar quem
tentou fugir é crime", afirmou.
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