São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2009

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Dez morrem durante ação policial no Rio

300 policiais participaram de operações contra o tráfico em favelas na zona oeste; polícia admite ter matado 9 supostos traficantes

Apesar de ter voltado à região pela 3ª vez em 15 meses e enfrentado forte resistência, delegado considerou a operação "bem-sucedida"

Severino Silva/Agência O Dia
Operação feita ontem em quatro favelas de Bangu e Senador Camará, na zona oeste do Rio, que mobilizou cerca de 300 policiais

FÁBIO GRELLET
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Ao menos dez pessoas foram mortas, ontem, durante uma operação policial em quatro favelas de Bangu e Senador Camará, na zona oeste do Rio. Na mesma região, 23 suspeitos de tráfico já haviam sido mortos em supostos confrontos com a polícia, desde outubro de 2007.
As polícias Civil e Militar afirmam que houve nove autos de resistência (mortos em confronto), mas, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a polícia levou dez corpos para o Hospital Albert Schweitzer.
Cerca de 300 policiais civis foram mobilizados para as ações nas favelas da Coreia, Vila Aliança, Rebu e Taquaral. De acordo com as polícias Civil e Militar, sete pessoas foram presas -seis em flagrante e uma devido a mandado de prisão- e foram apreendidas dez pistolas, um revólver, três granadas, dois rádios transmissores e pequena quantidade de cocaína.
Os traficantes chumbaram nas ruas asfaltadas brinquedos como escorregador e balanços -que funcionavam como barreira para impedir a entrada de blindados da polícia. Os brinquedos foram retirados, como já havia acontecido em 2008.
Apesar de ter voltado pela terceira vez em um ano e três meses e enfrentado forte resistência dos criminosos, a Polícia Civil considerou a ação "bem-sucedida". Para o chefe da corporação, o delegado Gilberto Ribeiro, "a substituição dos integrantes da quadrilha é rápida", o que leva a constantes confrontos com traficantes.
"Quando você faz uma incursão e enfraquece a quadrilha, ela passa por um período em que fica enfraquecida, mas busca na própria comunidade um reforço", disse Ribeiro, que diz não se sentir "enxugando gelo".
"É o trabalho da polícia. Não posso desanimar, não posso reconhecer que o Estado está apenas enxugando gelo."
Há dez meses -em abril de 2008-, dez supostos traficantes foram mortos na favela da Coreia. A OAB-RJ acusou a polícia de ter matado um motorista desarmado, sem ligação com o tráfico. A polícia nega.
Em outubro de 2007, 13 supostos criminosos foram mortos também lá. Dois estavam desarmados e foram baleados por policiais civis de um helicóptero. O caso foi criticado por entidades de direitos humanos, mas ninguém foi punido.

Operação ontem
Na operação de ontem, cinco homens foram mortos dentro de uma casa. O grupo, diz a polícia, invadiu o imóvel e usou o segundo andar para atirar contra os agentes. Conforme os policiais, a quadrilha rendeu a família que mora no imóvel, para evitar que a polícia atirasse. Outro suspeito foi morto em troca de tiros no início da ação.
Segundo a PM, três homens foram mortos quando tentavam fugir em um carro em alta velocidade por um dos acessos da favela do Rebu ao serem abordados por agentes. Na troca de tiros, os três morreram.
A Secretaria Estadual de Saúde afirmou, por meio de sua assessoria, que dez pessoas foram levadas pela polícia ao Hospital Albert Schweitzer e morreram.
As polícias Civil e Militar reconhecem nove mortes. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o décimo morto pode ter sido baleados por bandidos, durante tiroteio com a polícia.
Alunos de creches e pelo menos dez escolas dos bairros onde a operação policial ocorreu foram dispensados das aulas.

Traficante
Na favela da Coreia, a polícia encontrou uma casa que, segundo a PM, é do líder do tráfico na região, Juarez Ribeiro da Silva, o Aranha. No imóvel, com duas piscinas, cascata e escultura de um golfinho, foram encontrados remédios para tratamento de Aids. Aranha é vítima da doença, diz a polícia. Não havia ninguém na casa.


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