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entrevista
Ato não pode ser relevado, diz ex-ministro
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Para José Gregori, ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso e atual
presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos, os estudantes acusados
precisam saber que há limites, na área penal e na universitária. "Isso previne
acontecimentos extremos,
como aconteceu em Brasília,
com aquele índio queimado",
disse ele, que se formou em
direito na USP nos anos 50.
Leia trechos da entrevista:
FOLHA - O que o senhor achou
do caso?
JOSÉ GREGORI - Se trata de um
artigo do Código Penal que
foi desrespeitado. A polícia
precisa apurar o que houve e
a responsabilidade de cada
um deles. Agora, é um problema também para a faculdade, do ponto de vista que a
direção tem que saber como
advertir esses moços do caminho errado que eles tomaram.
FOLHA - O que pode ser feito?
Expulsá-los da escola?
GREGORI - Eu não sei se é o
caso, diante do regulamento
da faculdade. Acho que isso é
uma medida extrema que
tem que ser avaliada pela faculdade. De qualquer maneira, os moços têm que saber
que há limites no que eles fazem, não só na área penal
mas também na área universitária. E também, se eles dependerem dos pais, esses
pais terão que ser chamados
à faculdade para saber por
que houve isso. Desde logo é
preciso mostrar, num caso
desse, que há limites, porque
isso previne acontecimentos
extremos, como aconteceu
há alguns anos em Brasília,
com aquele índio queimado.
FOLHA - Há semelhanças entre
os casos de Brasília e Campinas?
GREGORI - É semelhante do
ponto de vista de você covardemente agredir uma pessoa
que não pode reagir e por você querer levar um tipo de
brincadeira a um limite que
já entra no terreno criminal.
É a mesma raiz. Mas, dizer
que os casos são iguais, aí dependeria de avaliar esse caso.
FOLHA - A faculdade consegue
corrigir esses estudantes?
GREGORI - A faculdade tem a
obrigação de exercer uma
função pedagógica. Os pais,
idem. A coisa não pode passar sem maior consequência
para o campo da estudantada
[brincadeira de estudantes],
mesmo que não tivessem batido no morador de rua.
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