São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2009

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entrevista

Ato não pode ser relevado, diz ex-ministro

LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Para José Gregori, ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso e atual presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos, os estudantes acusados precisam saber que há limites, na área penal e na universitária. "Isso previne acontecimentos extremos, como aconteceu em Brasília, com aquele índio queimado", disse ele, que se formou em direito na USP nos anos 50. Leia trechos da entrevista:

 

FOLHA - O que o senhor achou do caso?
JOSÉ GREGORI
- Se trata de um artigo do Código Penal que foi desrespeitado. A polícia precisa apurar o que houve e a responsabilidade de cada um deles. Agora, é um problema também para a faculdade, do ponto de vista que a direção tem que saber como advertir esses moços do caminho errado que eles tomaram.

FOLHA - O que pode ser feito? Expulsá-los da escola?
GREGORI
- Eu não sei se é o caso, diante do regulamento da faculdade. Acho que isso é uma medida extrema que tem que ser avaliada pela faculdade. De qualquer maneira, os moços têm que saber que há limites no que eles fazem, não só na área penal mas também na área universitária. E também, se eles dependerem dos pais, esses pais terão que ser chamados à faculdade para saber por que houve isso. Desde logo é preciso mostrar, num caso desse, que há limites, porque isso previne acontecimentos extremos, como aconteceu há alguns anos em Brasília, com aquele índio queimado.

FOLHA - Há semelhanças entre os casos de Brasília e Campinas?
GREGORI
- É semelhante do ponto de vista de você covardemente agredir uma pessoa que não pode reagir e por você querer levar um tipo de brincadeira a um limite que já entra no terreno criminal. É a mesma raiz. Mas, dizer que os casos são iguais, aí dependeria de avaliar esse caso.

FOLHA - A faculdade consegue corrigir esses estudantes?
GREGORI
- A faculdade tem a obrigação de exercer uma função pedagógica. Os pais, idem. A coisa não pode passar sem maior consequência para o campo da estudantada [brincadeira de estudantes], mesmo que não tivessem batido no morador de rua.


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