ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os jornais já se referiram a ele como o Valente de Interlagos, devido ao seu desempenho nas pistas. Luiz, cuja valentia estava até no sobrenome, era um dos pilotos mais antigos do país, tendo começado nos anos 1940.
Mexer em carros era uma atividade ainda mais antiga. Aos 20 anos, iniciou-se como mecânico da biscoitos Duchen, na década de 1930. Seu currículo, porém, nunca o livrou de algo que o irritava profundamente: renovar a carteira de habilitação.
Nas vezes em que teve de fazer isso, discutiu com funcionários do Detran. Não se conformava de passar pelo processo, sendo que já tinha mais de 80 anos de CNH.
Até o ano passado, Luiz ainda saía às ruas, aos 98 anos, cantando os pneus de seu Kadett. E era tão apaixonado por corridas que, quando Ayrton Senna morreu, em 1994, chorou por 15 dias.
Na Duchen, começou a modificar carros, primeiro adaptando um Ford Mercury, depois criando o seu "Duchen Especial", com motor Ford V8. Trabalhou em outros modelos até 1966, quando abandonou as pistas.
Segundo a família, Luiz, jovem, parecia o piloto Michael Schumacher. Morador do Sumaré há 66 anos, ele teve sua vida registrada num livro ainda não publicado. Viúvo desde os anos 90, morreu ontem, aos 99, de insuficiência respiratória. Teve cinco filhos, nove netos, oito bisnetos e um trineto. O enterro será hoje, às 11h, no cemitério do Araçá, em SP.

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