São Paulo, sábado, 05 de fevereiro de 2011

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MARILA BORGES KERR (1921-2011)

Menina que trocou cartas com Monteiro Lobato

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Com Stila e Mário, Marila Borges Kerr formava "Os Três Borgesinhos". Eram três irmãos leitores de Monteiro Lobato que, ainda crianças, corresponderam-se com o escritor e acabaram citados no livro "O Picapau Amarelo".
Quem escrevia as cartas era Marila, a mais velha dos três. Na primeira, enviada em 1932, pouco antes de fazer 11 anos, ela contou ao autor ter passado as férias no sítio da tia lendo com os irmãos as aventuras de Narizinho.
Mandou junto uma foto deles, que incluía a quarta irmã, Yedda, então com cinco anos e "que apenas ouve ler os seus livros, porque ainda não o sabe fazer", como ela mesma relatou ao escritor.
Marila revelou que estudava piano e concluiu pedindo que o autor continuasse a escrever sobre o Picapau Amarelo e seus personagens.
Graças à iniciativa, ela foi citada no livro e recebeu, além de cartas, um telefonema de Lobato. Na obra, ele fala de outras crianças reais, como se elas tivessem ido ao sítio do Picapau Amarelo.
Marila fez filhos e netos gostarem dos livros, e teria feito o mesmo com a próxima geração, se tivesse tempo.
Aos 11, ela tocou piano na rádio Educadora. Deu aulas de música no Seminário Presbiteriano Independente e compôs hinos religiosos. Gostava de escrever e participou de concursos literários.
Bem-humorada, era do tipo que levava os filhos para brincar na chuva, no quintal.
Há alguns anos, teve problemas cardíacos. Viúva desde 2000, morreu anteontem, aos 89, de complicações de saúde. Teve três filhos, oito netos e uma bisneta. Agora, dos três, só Stila está viva.

coluna.obituario@uol.com.br


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