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Sambando aos pés da
cruz
Evelson de Freitas/Folha Imagem
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Escultura representando Nossa Senhora da Conceição da Praia em carro alegórico da escola de samba Camisa Verde e Branco, que desfilou na primeira noite do Carnaval de São Paulo |
Apesar do patrulhamento da
igreja, seis das sete escolas que fizeram o primeiro dia de desfile levaram símbolos cristãos ao sambódromo em SP
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ALENCAR IZIDORO
ALESSANDRO SILVA
CHICO DE GOIS
da Reportagem Local
Os símbolos religiosos predominaram no primeiro dia de desfile do Carnaval de São Paulo. Isso, apesar das pressões da Igreja
Católica e do movimento religioso conservador TFP (Tradição,
Família e Propriedade) para evitar que a Águia de Ouro levasse a
imagem da Virgem Maria para o
sambódromo.
Em compensação, o enredo histórico reduziu a tradicional profusão de corpos nus do Carnaval.
A escultura que gerou a polêmica desfilou camuflada de índia.
Horas antes do desfile, a Justiça
concedeu duas liminares para
evitar que a escola exibisse a imagem da santa. Mas outras cinco
escolas que desfilaram entre anteontem e ontem também tinham
alegorias, fantasias ou esculturas
com referências cristãs.
"Ninguém quis partir para o enfrentamento, mas não dá para
contar a história do Brasil sem falar na igreja", justificou o carnavalesco Marco Aurélio Ruffin, da
Leandro de Itaquera. Ele levou
para a avenida o carro "Crucificados do Ouro", com negros no lugar de Jesus, pendurados em três
cruzes de mais de dez metros.
A Tom Maior, primeira escola a
desfilar, apresentou cartazes com
crucifixos. Um dos carros da Camisa Verde e Branco exibiu Nossa
Senhora da Conceição da Praia.
Na X-9, sambistas envergavam
fantasias de padre. Na Gaviões,
uma mulher seminua, com uma
cruz pintada no corpo.
"Não entramos (na Justiça)
contra outras escolas porque a
imprensa só falou dessa imagem
("Pietá", da Águia de Ouro). Não
sabíamos das outras", disse Martin Afonso Xavier da Silveira, advogado e membro da TFP.
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