São Paulo, domingo, 05 de março de 2000


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Sambando aos pés da cruz

Evelson de Freitas/Folha Imagem
Escultura representando Nossa Senhora da Conceição da Praia em carro alegórico da escola de samba Camisa Verde e Branco, que desfilou na primeira noite do Carnaval de São Paulo




Apesar do patrulhamento da igreja, seis das sete escolas que fizeram o primeiro dia de desfile levaram símbolos cristãos ao sambódromo em SP


ALENCAR IZIDORO
ALESSANDRO SILVA
CHICO DE GOIS
da Reportagem Local



Os símbolos religiosos predominaram no primeiro dia de desfile do Carnaval de São Paulo. Isso, apesar das pressões da Igreja Católica e do movimento religioso conservador TFP (Tradição, Família e Propriedade) para evitar que a Águia de Ouro levasse a imagem da Virgem Maria para o sambódromo.
Em compensação, o enredo histórico reduziu a tradicional profusão de corpos nus do Carnaval.
A escultura que gerou a polêmica desfilou camuflada de índia. Horas antes do desfile, a Justiça concedeu duas liminares para evitar que a escola exibisse a imagem da santa. Mas outras cinco escolas que desfilaram entre anteontem e ontem também tinham alegorias, fantasias ou esculturas com referências cristãs.
"Ninguém quis partir para o enfrentamento, mas não dá para contar a história do Brasil sem falar na igreja", justificou o carnavalesco Marco Aurélio Ruffin, da Leandro de Itaquera. Ele levou para a avenida o carro "Crucificados do Ouro", com negros no lugar de Jesus, pendurados em três cruzes de mais de dez metros.
A Tom Maior, primeira escola a desfilar, apresentou cartazes com crucifixos. Um dos carros da Camisa Verde e Branco exibiu Nossa Senhora da Conceição da Praia.
Na X-9, sambistas envergavam fantasias de padre. Na Gaviões, uma mulher seminua, com uma cruz pintada no corpo.
"Não entramos (na Justiça) contra outras escolas porque a imprensa só falou dessa imagem ("Pietá", da Águia de Ouro). Não sabíamos das outras", disse Martin Afonso Xavier da Silveira, advogado e membro da TFP.


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