São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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Agência nacional vai investigar apagão

Caso seja constatado erro de manutenção ou de operação, a Cteep, responsável pela subestação, poderá ser multada

Companhia deve apresentar relatório da ocorrência até sexta; documento será enviado a órgão que fiscaliza distribuição de energia

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai investigar as causas do apagão que afetou 21 bairros de São Paulo e mais duas cidades da região metropolitana. Ontem mesmo a agência já recebeu as primeiras informações, abriu um procedimento interno e vai designar fiscais para apurar o caso.
As informações foram enviadas ontem à tarde pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), uma espécie de gerente do sistema de geração, transmissão e distribuição de energia do país.
De acordo com o relatório, houve uma falha no transformador número 1 da Subestação Bandeirante da Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), às 8h45 e, sete minutos depois, os outros dois transformadores pararam. Não foram informadas as causas do problema.
Segundo a Aneel, se a fiscalização constatar algum tipo de erro da Cteep -falha de manutenção ou de operação, por exemplo-, a empresa pode até ser multada.
O valor da multa pode ser de até 2% da receita operacional líquida da empresa, a ser calculado dependendo da extensão do problema, do motivo e do tempo que demorou para o serviço ser normalizado.
A secretária de Saneamento e Energia de São Paulo, Dilma Pena, disse que a Aneel notificou ontem a Cteep a apresentar um relatório detalhado da ocorrência até sexta-feira. O mesmo relatório terá de ser enviado à Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), que fiscaliza a distribuição de energia no Estado.
Ela disse ainda que a Eletropaulo e a Arsesp estão preparando um relatório sobre as conseqüências do apagão para também ser enviado à Aneel.
Vizinhos da subestação Bandeirantes contam que ouviram uma explosão antes da fumaça.
Segundo a Cteep, a fumaça foi provocada pelo aquecimento do óleo de acionamento do disjuntor, gerado por uma descarga interna de energia.
Especialistas ouvidos ontem pela Folha dizem que não é possível afirmar que uma falha de manutenção tenha provocado o desligamento do disjuntor da subestação.
"A prevenção diminui o risco de um desligamento, mas ainda assim ele pode ocorrer, portanto, só saberemos com uma análise específica do caso", disse Alexandre Piantini, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.
O engenheiro elétrico Antonio Roberto Martins, secretário-geral do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, afirma que seria irresponsável atribuir o desligamento a falha humana.
"Qualquer coisa pode ter interrompido o isolamento entre os cabos e causado um curto-circuito. A causa de todo esse apagão pode ser um simples rato", afirmou Martins.
O professor de engenharia elétrica da Escola Politécnica da USP, José Antonio Jardini, diz que os sistemas elétricos têm um dispositivo para apuração de falhas, que deverá ser analisado. "É como uma caixa-preta de avião. Antes da análise desses dados não podemos culpar ninguém." (CINTHIA RODRIGUES E EVANDRO SPINELLI)

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