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Agência nacional vai investigar apagão
Caso seja constatado erro de manutenção ou de operação, a Cteep, responsável pela subestação, poderá ser multada
Companhia deve apresentar relatório da ocorrência até sexta; documento será enviado a órgão que fiscaliza distribuição de energia
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) vai investigar
as causas do apagão que afetou
21 bairros de São Paulo e mais
duas cidades da região metropolitana. Ontem mesmo a
agência já recebeu as primeiras
informações, abriu um procedimento interno e vai designar
fiscais para apurar o caso.
As informações foram enviadas ontem à tarde pelo ONS
(Operador Nacional do Sistema
Elétrico), uma espécie de gerente do sistema de geração,
transmissão e distribuição de
energia do país.
De acordo com o relatório,
houve uma falha no transformador número 1 da Subestação
Bandeirante da Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), às 8h45 e,
sete minutos depois, os outros
dois transformadores pararam.
Não foram informadas as causas do problema.
Segundo a Aneel, se a fiscalização constatar algum tipo de
erro da Cteep -falha de manutenção ou de operação, por
exemplo-, a empresa pode até
ser multada.
O valor da multa pode ser de
até 2% da receita operacional
líquida da empresa, a ser calculado dependendo da extensão
do problema, do motivo e do
tempo que demorou para o serviço ser normalizado.
A secretária de Saneamento e
Energia de São Paulo, Dilma
Pena, disse que a Aneel notificou ontem a Cteep a apresentar
um relatório detalhado da
ocorrência até sexta-feira. O
mesmo relatório terá de ser enviado à Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo),
que fiscaliza a distribuição de
energia no Estado.
Ela disse ainda que a Eletropaulo e a Arsesp estão preparando um relatório sobre as
conseqüências do apagão para
também ser enviado à Aneel.
Vizinhos da subestação Bandeirantes contam que ouviram
uma explosão antes da fumaça.
Segundo a Cteep, a fumaça
foi provocada pelo aquecimento do óleo de acionamento do
disjuntor, gerado por uma descarga interna de energia.
Especialistas ouvidos ontem
pela Folha dizem que não é
possível afirmar que uma falha
de manutenção tenha provocado o desligamento do disjuntor
da subestação.
"A prevenção diminui o risco
de um desligamento, mas ainda
assim ele pode ocorrer, portanto, só saberemos com uma análise específica do caso", disse
Alexandre Piantini, professor
do Instituto de Eletrotécnica e
Energia da USP.
O engenheiro elétrico Antonio Roberto Martins, secretário-geral do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São
Paulo, afirma que seria irresponsável atribuir o desligamento a falha humana.
"Qualquer coisa pode ter interrompido o isolamento entre
os cabos e causado um curto-circuito. A causa de todo esse
apagão pode ser um simples rato", afirmou Martins.
O professor de engenharia
elétrica da Escola Politécnica
da USP, José Antonio Jardini,
diz que os sistemas elétricos
têm um dispositivo para apuração de falhas, que deverá ser
analisado. "É como uma caixa-preta de avião. Antes da análise
desses dados não podemos culpar ninguém."
(CINTHIA RODRIGUES E EVANDRO SPINELLI)
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