São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2004

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Parceria busca ampliar auxílio a dependentes

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na cidade de São Paulo, cerca de 400 mil dependentes de álcool se beneficiariam com serviços de tratamento. Outros 800 mil poderiam ser ajudados por terapias de 20 a 40 minutos.
Para chegar a esse universo, os serviços de saúde precisariam, porém, treinar seus profissionais. Todos sabem diagnosticar úlcera, formigamento nos dedos dos pés, até depressão ou ansiedade, mas poucos sabem relacionar essas enfermidades ao uso do álcool.
É isso que está começando a ser ensinado em quatro cidades, com a orientação da Organização Mundial da Saúde, em parceria com prefeituras e faculdades. "Nas cidades de Juiz de Fora (MG) e Ribeirão Preto (SP), o programa já começou. Em São Paulo e Diadema começará em maio", diz Maria Lucia Formigoni, coordenadora da Uded, Unidade de Dependência de Drogas da Universidade Federal de São Paulo.
Do treinamento participam médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, psicólogos e até dentistas. Os profissionais contarão com uma ficha que o próprio paciente poderá preencher e que ajudará a detectar seu grau de risco para o álcool. Dependendo do estágio, será oferecido um tratamento ou uma breve terapia.
O que se sabe, diz Formigoni, é que o alcoolismo no meio médico é pouco conhecido e carregado de preconceitos e julgamentos do tipo "se você bebe, é porque quer beber".
Segundo a psiquiatra, estudos mostram que, quando o médico relaciona a doença ao excesso de bebida e dedica ao assunto pelo menos 20 minutos, 1/5 dos pacientes reduz a quantidade de bebida.
Outra constatação é que 40% chegam a receber algum atendimento uma vez por ano, em postos de saúde. Isso significa que as unidades básicas e o Programa de Saúde da Família são os pontos de contato entre o profissional e quem bebe.
Segundo Formigoni, inicialmente serão treinadas 80 pessoas em São Paulo e 60 em Diadema. A médica diz que "faltam recursos" para um tratamento em massa.


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