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Pontos como horário restrito de propaganda, maior controle de seu conteúdo e aumento do preço das bebidas sofrem resistência
Política tem oposição de indústria e governo
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA ONLINE
O Ministério da Saúde enfrenta
resistência dentro e fora do governo contra alguns dos principais
pontos para uma política pública
de combate ao álcool, como horário restrito de propaganda e controle maior de seu conteúdo, além
do aumento do preço das bebidas.
O Sindcerv (Sindicato Nacional
da Cerveja) e a Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas), do setor de destilados, fazem lobby para defender suas propostas.
Para a Abrabe, trabalha o escritório Semprel S.A., do advogado
Guilherme Farhat Ferraz, secretário-geral do PL, partido do vice-presidente José Alencar -que é
produtor de cachaça. O presidente do partido, Valdemar Costa
Neto, é amigo do presidente da
associação, Fabrizio Fasano.
Já o Sindcerv contratou os serviços de Cid Brugger para os contatos legislativos. Os com o Executivo ficam a cargo de Marcos Mesquita, superintendente do Sindcerv. O setor não gosta de falar
abertamente das ações.
A reportagem não conseguiu
também falar com Costa Neto
nem com a Abrabe. Procurado,
Ferraz disse que ia viajar e só poderia falar no fim desta semana.
A proposta é pressionada ainda
pelos ministérios da Agricultura e
da Fazenda, que acolhem argumentos da indústria da cerveja,
como o de que o produto é o que
mais agrega valor à produção
agrícola, com faturamento de R$
25,6 bilhões/ano no varejo.
Segundo o Sindcerv, o produto
é o que mais paga tributos, R$ 6,5
bilhões/ano. E a Fazenda teme
que sobretaxação leve ao crescimento do mercado ilegal.
Procurados, os ministérios da
Agricultura e da Fazenda não comentaram o assunto.
Por fim, participaram do grupo
interministerial setores que faturam com a cerveja -Associação
Brasileira de Rádio e TV, Associação Brasileira de Agências de Publicidade, Associação Nacional de
Jornais, além do Conar (Conselho
Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária). A indústria movimenta R$ 600 milhões anuais
no mercado publicitário.
A principal resistência das cervejarias é em relação à proposta
de proibir comerciais de cerveja
na TV e rádio durante o dia. Para
a indústria, a auto-regulamentação do Conar é mais eficaz e mais
rápida do que a legislação.
Pedro Gabriel Delgado, coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, discorda. Segundo
ele, a auto-regulamentação não
acabou, por exemplo, com o incentivo ao consumo abusivo.
(FABIANE LEITE E CAMILO TOSCANO)
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