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Para especialistas, falta estrutura
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
De acordo com representantes
do setor ambiental ouvidos pela
Agência Folha, o baixo desempenho do Ibama na arrecadação de
grandes multas por danos contra
o ambiente no país é resultado da
falta de estrutura do órgão e também do descaso com que, historicamente, a questão ambiental
vem sendo tratada.
"Não interessa se o governo é de
direita ou esquerda, a incompetência continua pautando a questão ambiental no Brasil", afirmou
o diretor de Relações Institucionais da Fundação SOS Mata
Atlântica, Mário Mantovani.
Na avaliação dele, a legislação
ambiental brasileira é "atualíssima". Está inserida, no entanto,
em um modelo centralizado de
gestão executiva, o que emperra
seu efetivo funcionamento.
Na opinião do deputado Paulo
Baltazar (PSB-RJ), presidente da
Comissão de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável da
Câmara dos Deputados, ainda
existe uma defasagem entre discurso e prática nas políticas ambientais do país. "Os governos,
sucessivamente, continuam
achando que a questão ambiental
é boa para discurso e ruim para a
prática", sustenta Baltazar.
Já o secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais e ex-ministro
da área no governo FHC (1995-2002), José Carlos Carvalho, responsabiliza a falta de estrutura
dos órgãos ambientais pela ineficácia na arrecadação de multas.
"Os órgãos não têm estrutura
adequada para realizar cobranças
na esfera administrativa nem na
esfera judicial", sustenta.
Estratégias
A coordenadora-geral de Arrecadação do Ibama, Edlene Lima,
afirmou que o órgão está montando estratégias para "quebrar a
burocracia" e aperfeiçoar o recolhimento das multas. "Quem deve
ao Ibama vai ter que pagar."
Na opinião do coordenador-geral de Fiscalização do órgão federal, Marcelo Marquesini, as instâncias recursais administrativas
deveriam ser reduzidas. "O sistema poderia ser mais eficiente."
Ele também defende a criação,
nos Estados, de varas e promotorias especializadas em questões
ambientais. "Juízes que lidam
com assassinatos, por exemplo,
vão depois julgar a derrubada de
algumas árvores e tendem a minimizar os delitos que podem estar
por trás de um crime ambiental,
como grilagem de terra e lavagem
de dinheiro."
(TG)
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