São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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Missa em homenagem a Isabella reúne 1.200 pessoas

Mãe, tios e avós participaram da cerimônia vestidos com camiseta com foto da menina

Camisetas foram disputadas pelos presentes; no final, houve tumulto entre jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e familiares

Marlene Bergamo/Folha Imagem
A mãe de Isabella, Ana Carolina Cunha de Oliveira, beija menina durante a missa de sétimo dia realizada ontem na igreja Nossa Senhora de Candelária, na Vila Maria (zona norte de SP)

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 420 lugares da igreja Nossa Senhora da Candelária, na Vila Maria, zona norte, não foram suficientes para os 1.200 familiares, vizinhos e curiosos que encheram galerias, corredores, balcão e altar na missa de sétimo dia da menina Isabella Nardoni, 5, que morreu no último sábado.
Segundo disse a sacristã Laurinda Rodrigues, o lugar nunca esteve tão cheio em 75 anos de existência. O recorde anterior era de 900 pessoas, em festas à padroeira da paróquia.
A mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, 24, tios e avós ocuparam um banco na primeira fila, vestidos com uma camiseta branca com a foto da menina e a inscrição "Isabella, pra sempre nossa estrelinha".
Parentes pediam para que pessoas parassem de disputar as camisetas distribuídas.
"Vocês estão brigando por causa de camiseta. Viemos aqui para a missa", dizia um rapaz sentado ao lado da mãe.
Outros adultos também usavam, e crianças que iam chegando ganhavam uma. A prima de Isabella, Bianca Caroline, 9, a coleguinha de escola, Nicole Martins Guimarães, 4, e três meninas de 9 anos que nunca conheceram Isabella e foram sozinhas à igreja ontem estavam entre as 37 crianças que colocaram a camiseta e se sentaram no altar, de frente para o público.
As professoras da escola Cantinho da Alegria e outros alunos que foram com eles usavam outra camiseta, também ilustrada por Isabella com os dizeres "Para auxiliar os anjos do céu, Deus coloca aqui na Terra anjos sem asas, porém de uma luz que ilumina o nosso viver."
A família chegou com mais de uma hora de antecedência e Ana abraçou cada amigo ou parente que lhe cumprimentou. Às vezes, conseguia sorrir; outras, chorava.
Além da menina, outras cinco pessoas foram lembradas pelo sétimo dia da morte. O casal Natividade Jesus Pinto, 82, e Abílio Antonio Pinto, 82, que freqüenta a paróquia e tinha indicado o nome da irmã dela, Maria Amélia dos Anjos Pinto, 83, teve de se sentar em poltronas trazidas da sacristia. "Eu não sabia que iria estar tão lotado", comentou Natividade.
A missa foi comum, e o padre não chegou a falar o nome de Isabella. No único momento em que fez uma menção ao caso, disse: "Queremos fazer desta noite um grande grito em defesa da vida humana, principalmente dos mais inocentes".
Também não houve presença de policiais e políticos. O casal mais conhecido presente foi Masatoka e Keiko Ota, pais do menino Ives Ota, assassinado aos 8 anos após um seqüestro em agosto de 97. Após matar a criança, o então policial militar e segurança do pai de Ives, Paulo de Tarso Dantas, condenado a 43 anos pelo crime, o enterrou dentro da própria casa.
Masatoka e Keiko levaram uma faixa -"Isabella, Ives está com você"-, se apresentaram a Ana e ganharam um lugar ao lado dela nos bancos da igreja durante a cerimônia.
Antes da missa, o atual namorado de Ana Carolina, que se identificou apenas como Júnior, pedia que fotógrafos e repórteres se afastassem dela.
"É uma menina de 24 anos, que está em estado de choque por perder uma filha de cinco anos. O aniversário dela é amanhã, o de Isabella é no dia 18. Ela não agüenta mais", disse.
No final da cerimônia, houve tumulto entre jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e familiares. Ana Carolina teve de ser escoltada em cordão de isolamento ao banheiro da sacristia, de onde conseguiu sair para o estacionamento, para mais agitação, até conseguir entrar no carro, que ficou retido por outros veículos da imprensa.


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