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Missa em homenagem a Isabella reúne 1.200 pessoas
Mãe, tios e avós participaram da cerimônia vestidos com camiseta com foto da menina
Camisetas foram disputadas pelos presentes; no final, houve tumulto entre jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e familiares
Marlene Bergamo/Folha Imagem
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A mãe de Isabella, Ana Carolina Cunha de Oliveira, beija menina durante a missa de sétimo dia realizada ontem na igreja Nossa Senhora de Candelária, na Vila Maria (zona norte de SP)
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 420 lugares da igreja Nossa Senhora da Candelária, na
Vila Maria, zona norte, não foram suficientes para os 1.200
familiares, vizinhos e curiosos
que encheram galerias, corredores, balcão e altar na missa de
sétimo dia da menina Isabella
Nardoni, 5, que morreu no último sábado.
Segundo disse a sacristã Laurinda Rodrigues, o lugar nunca
esteve tão cheio em 75 anos de
existência. O recorde anterior
era de 900 pessoas, em festas à
padroeira da paróquia.
A mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, 24, tios e avós
ocuparam um banco na primeira fila, vestidos com uma camiseta branca com a foto da menina e a inscrição "Isabella, pra
sempre nossa estrelinha".
Parentes pediam para que
pessoas parassem de disputar
as camisetas distribuídas.
"Vocês estão brigando por
causa de camiseta. Viemos aqui
para a missa", dizia um rapaz
sentado ao lado da mãe.
Outros adultos também usavam, e crianças que iam chegando ganhavam uma. A prima
de Isabella, Bianca Caroline, 9,
a coleguinha de escola, Nicole
Martins Guimarães, 4, e três
meninas de 9 anos que nunca
conheceram Isabella e foram
sozinhas à igreja ontem estavam entre as 37 crianças que
colocaram a camiseta e se sentaram no altar, de frente para o
público.
As professoras da escola Cantinho da Alegria e outros alunos
que foram com eles usavam outra camiseta, também ilustrada
por Isabella com os dizeres
"Para auxiliar os anjos do céu,
Deus coloca aqui na Terra anjos
sem asas, porém de uma luz
que ilumina o nosso viver."
A família chegou com mais
de uma hora de antecedência e
Ana abraçou cada amigo ou parente que lhe cumprimentou.
Às vezes, conseguia sorrir; outras, chorava.
Além da menina, outras cinco pessoas foram lembradas
pelo sétimo dia da morte. O casal Natividade Jesus Pinto, 82,
e Abílio Antonio Pinto, 82, que
freqüenta a paróquia e tinha indicado o nome da irmã dela,
Maria Amélia dos Anjos Pinto,
83, teve de se sentar em poltronas trazidas da sacristia. "Eu
não sabia que iria estar tão lotado", comentou Natividade.
A missa foi comum, e o padre
não chegou a falar o nome de
Isabella. No único momento
em que fez uma menção ao caso, disse: "Queremos fazer desta noite um grande grito em defesa da vida humana, principalmente dos mais inocentes".
Também não houve presença de policiais e políticos. O casal mais conhecido presente foi
Masatoka e Keiko Ota, pais do
menino Ives Ota, assassinado
aos 8 anos após um seqüestro
em agosto de 97. Após matar a
criança, o então policial militar
e segurança do pai de Ives, Paulo de Tarso Dantas, condenado
a 43 anos pelo crime, o enterrou dentro da própria casa.
Masatoka e Keiko levaram
uma faixa -"Isabella, Ives está
com você"-, se apresentaram a
Ana e ganharam um lugar ao lado dela nos bancos da igreja durante a cerimônia.
Antes da missa, o atual namorado de Ana Carolina, que se
identificou apenas como Júnior, pedia que fotógrafos e repórteres se afastassem dela.
"É uma menina de 24 anos,
que está em estado de choque
por perder uma filha de cinco
anos. O aniversário dela é amanhã, o de Isabella é no dia 18.
Ela não agüenta mais", disse.
No final da cerimônia, houve
tumulto entre jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e familiares. Ana Carolina teve de ser escoltada em cordão de isolamento ao banheiro da sacristia,
de onde conseguiu sair para o
estacionamento, para mais agitação, até conseguir entrar no
carro, que ficou retido por outros veículos da imprensa.
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