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"Minha educação foi na rua"
da Reportagem Local
Simone Santos Silva, 23, é o Boy,
como a chamam na detenção. Cabelos curtos, como muitas das
presas, ela se veste e se movimenta
como um menino. É autora do rap
"18 anos", que ela mesma canta na
peça. "Comecei a roubar, cheirar
cola e a fumar; coisa boa nesse
mundo ninguém pode ensinar",
ela canta. A música da peça recebeu um "toque" de KLJ, um dos
integrantes da banda Racionais.
"Minha educação foi na rua, na
Paulista, na Augusta. Comecei pedindo dinheiro, estou condenada
por assalto, tenho sete anos pela
frente, mas vou sair daqui outra."
Rita de Cassia dos Reis Pereira,
20, faz na peça o papel de "Latrô".
É ela que convence Eva, a namorada de um traficante, a entregar
drogas numa "bocada". Eva vai
cair nas mãos da polícia.
Rita fugiu de casa quando tinha
16 anos e se apaixonou por uma
menina da praça da Sé. Está condenada por assalto, já teve outras
amantes na cadeia mas só na pensa na outra, a da Sé. "Minha mulher é ela, é ela que eu quero."
O amor dentro da cadeia é outro
tema forte da peça. Diferentemente dos presos, as detentas não têm
direito a visita íntima. Uma pesquisa do Coletivo de Feministas
Lésbicas mostra que só 4% se dizem homossexuais no primeiro
ano de prisão. Entre as que estão
há quatro anos ou mais, 27% se
afirmam homossexuais e 21% bissexuais. "É a sexualidade compulsória", declara Marisa Fernandes,
uma das autoras da pesquisa.
(AB)
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