São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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VIOLÊNCIA

Empresário, que vive em Juqueí, ficou 23 horas em cativeiro; São Sebastião (SP) teve dois sequestros neste ano

Medo faz morador do litoral voltar à capital

MARCELO CLARET
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

Após ficar 23 horas nas mãos de sequestradores em um cativeiro na Baixada Santista, o empresário José Leite, 46, decidiu deixar o bairro do Juqueí, costa sul de São Sebastião, no litoral norte, para voltar a morar em São Paulo.
Ele foi retirado de sua casa, em um condomínio fechado, por três homens, no dia 11 de abril. "O paraíso virou o inferno. Não tenho condições psicológicas para ficar em Juqueí. Estamos à mercê dos bandidos", disse Leite, que pagou resgate para ser libertado.
Foi o segundo sequestro neste ano em São Sebastião. No outro caso, a vítima ficou refém por duas horas. Não havia sequestros na cidade pelo menos desde 2000.
A costa sul, onde fica Juqueí, concentra a elite paulistana e tem somente cinco policiais militares, em dois carros, para patrulhar seus 60 quilômetros de extensão.
A suspeita é que quadrilhas de assaltantes e sequestradores da Baixada Santista estejam migrando para a costa sul em razão da falta de policiamento no local.
Dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública revelam uma criminalidade ascendente em São Sebastião.
Embora o número de homicídios no primeiro trimestre deste ano tenha permanecido o mesmo em relação a 2001 -seis-, os casos envolvendo furtos subiram de 327 para 414, aumento de 26,61%.
O total de roubos cresceu de 49, em 2001, para 69 neste ano, o que corresponde a uma acréscimo de 40,82%. Já as ocorrências de roubos e furtos de veículos passaram de oito para 37 -362,5% mais.
Segundo o Conseg (Conselho Comunitário de Segurança), somente nos quatro dias do feriado da Semana Santa foram registrados 70 boletins de ocorrência de roubos e furtos de carros e casas entre os bairros Boiçucanga e Boracéia, na divisa com Bertioga.
A Polícia Federal de São Sebastião realiza blitze para apreensão de drogas e armas em parceria com as polícias Civil e Militar.
O prefeito de São Sebastião, Paulo Julião (PSDB), disse que está negociando com o Estado o aumento do efetivo da PM e a criação de uma nova companhia para atender a população da costa sul.
Segundo ele, a prefeitura não tem condições de combater os assaltantes e sequestradores que atuam na região.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública não comentou o assunto com a Folha.


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