São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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Psicodramatista de Recife desafia conselho

DA REPORTAGEM LOCAL

Ignorando a resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), a psicóloga e psicodramatista Marcia Homem de Mello, 34, continua atendendo pela internet e cobrando por isso.
Ela já foi processada pelo conselho por exercício ilegal da profissão, mas o processo foi arquivado no ano passado. Segundo Marcia, agora é ela quem está processando o CFP por danos morais.
Ela argumenta que para fazer psicanálise ou psicodrama não é necessário ser psicólogo, portanto não teria que cumprir a resolução do conselho, que limita o atendimento a protocolos de pesquisa.
"Nos EUA e na Europa, a internet já é empregada por todas as correntes da psicoterapia", diz. No psicodrama, onde a pessoa assume papéis pelos quais revela seus problemas e angústias, a internet facilitaria a construção desses personagens. "As pessoas soltam mais sua fantasia e imaginação num meio virtual", afirma.
Na sua opinião, a resistência ao uso da internet ainda se deve "à falta de conhecimento do ambiente virtual". Marcia fundou e preside a Associação Brasileira de Profissionais de Saúde Mental On Line, um "local onde se discute a prática do atendimento pela internet". A associação tem 11 associados, mas nem todos atendem por computador. Marcia cobra pelo atendimento on-line metade do que cobra em seu consultório, em Recife. Pelo CFP, não poderia estar cobrando. Suas sessões costumam ser semanais, de uma hora, sempre em horários preestabelecidos.
Ela sugere que o cliente escolha um horário tranquilo e que evite ser interrompido ou sofra a interferência de outras pessoas.
"Se o cliente "falta", um outro horário é agendado, como na terapia convencional."
A consulta com Marcia pode ser feita de três formas: pelo ICQ, sistema que permite o diálogo por escrito, com as duas partes escrevendo ao mesmo tempo em telas diferentes. Pela simples troca de e-mails. Ou com recursos semelhantes ao de uma videoconferência, quando o cliente conta com microfone e uma câmara.
Muitos terapeutas afirmam que a internet não permite a prática de itens fundamentais da psicanálise, a livre associação e a transferência. Marcia acha que esse fato não invalida a terapia virtual.


E-mail: marcia@homemdemello.com.br


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