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FEBEM
Fundação diz que não terminou reforma em unidade e que não tem vaga
Governo descumpre prazo para tirar interno de prisão
DA REPORTAGEM LOCAL
A Febem de São Paulo descumpriu decisão judicial que determinava o retorno de 247 internos infratores, hoje espalhados por quatro presídios de adultos no interior do Estado, para unidades da
fundação apropriadas a esse tipo
de internação. O prazo venceu à
meia-noite de anteontem.
Segundo a Febem, dois motivos
justificaram a medida: a reforma
da unidade de Franco da Rocha
(Grande SP) -onde estavam esses internos e que foi destruída
em rebelião- não está pronta, e
não há vagas em outros locais.
A polêmica sobre os 247 maiores de 18 anos se arrasta desde a
transferência deles, no último dia
16. Entidades de direitos humanos, a Anistia Internacional e a
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil) criticaram a transferência
dos internos, que, segundo eles,
fere a legislação vigente.
Na última terça-feira, a fundação foi notificada da decisão do
corregedor-geral de Justiça de São
Paulo, o desembargador Luiz
Elias Tâmbara, sobre a necessidade de trazer o grupo de volta em
no máximo cinco dias.
O corregedor entendeu, ao julgar pedido da própria Febem, que
a medida é contrária ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), pois prisões de adultos não
são apropriadas para quem cumpre esse tipo de internação.
Na última quarta-feira, a assessoria jurídica da Febem protocolou pedido de reconsideração do
prazo na Corregedoria Geral do
Tribunal de Justiça. Anexados ao
documento, estão laudos de engenharia sobre a reforma, fotos dos
danos causados pela rebelião e
uma declaração do secretário da
Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, dizendo que os
adolescentes estão ficando isolados dos adultos nas prisões.
Com o feriado, o pedido não foi
analisado. Por meio dessa solicitação, que não vale como recurso
-não questiona a decisão do corregedor-, a Febem esperava
conseguir no mínimo mais 15
dias, completando um mês que
havia planejado inicialmente.
O julgamento sobre o documento, que não tem prazo para
ocorrer, pode gerar duas situações: o corregedor dá mais tempo,
logo nada acontece em razão da
não-transferência dos internos no
final de semana, ou ele nega, e o
presidente da Febem pode sofrer
sanções, como o seu afastamento,
conforme está previsto no ECA.
A assessoria de imprensa da
fundação informou ontem que
não está desrespeitando decisão
judicial, pois não tem condições
de cumpri-la por falta de vagas e
por não ter concluído a reforma
em Franco da Rocha.
A Febem divulgou que irá transferir o primeiro grupo de internos
-60 deles- na próxima quarta-feira. O restante será remanejado
de volta gradualmente até o dia 14
deste mês. Enquanto isso, os internos continuarão em presídios
nos municípios de Avaré, Taubaté, Hortolândia e Suzano.
O Tribunal de Justiça, segundo
sua assessoria, deve se manifestar
hoje sobre a decisão da fundação.
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