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SEGURANÇA
Participação do Exército em operação de combate ao crime organizado foi determinada por Lula, diz ministro da Defesa
Rio recebe tropas na próxima semana
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, José Viegas, informou ontem à Folha que
o Exército será usado a partir da
próxima semana no combate ao
crime organizado no Rio de Janeiro, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Foi a primeira autoridade a admitir publicamente a operação.
"O Exército vai ser usado no
Rio. Foi uma determinação do
presidente da República, que é
sensível à violência a que tem sido
exposta a população do Estado",
disse o ministro, que participou,
na segunda-feira passada, da reunião com Lula em que a decisão
foi tomada.
"A partir do dia 10 [segunda-feira], as Forças Armadas já estarão
em condições práticas de atuar",
acrescentou Viegas.
Riscos
Estavam presentes à reunião os
ministros José Dirceu (Casa Civil), Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Aldo Rebelo (Coordenação
Política), que avaliaram, inclusive, os riscos de uma operação militar em favelas com milhares, até
milhões de civis.
"Risco sempre existe, é uma
possibilidade, mas é menor do
que o risco ao qual a população do
Rio já está sendo submetida", disse Viegas, ele próprio carioca.
Uma das preocupações é justamente com o que ele chamou de
"convencimento da opinião pública", alertando para os riscos
inerentes a uma operação como
essa, que pode, em tese, fazer vítimas entre inocentes.
Ações
Segundo o ministro da Defesa,
haverá "operações pontuais" do
Exército em conjunto com a Polícia Militar do Rio. Isso significa,
por exemplo, a ocupação de uma
das favelas conflagradas durante
um dia inteiro, como se fosse uma
varredura à procura de líderes de
quadrilhas e de armas.
Toda a operação está sendo negociada com a governadora do
Rio, Rosinha Matheus (PMDB), e
com o secretário de Segurança e
marido dela, Anthony Garotinho.
Segundo Viegas, eles já aceitaram
uma condição fundamental: "Em
toda e qualquer operação do
Exército e da polícia, o Exército
terá o controle operacional".
Esse controle, na prática, será
exercido pelo comandante militar
do Leste, general-de-exército Manoel Luiz Valdevez de Castro, que
deverá ter apoio de unidades
principalmente de dois batalhões
de elite: o de Operações Especiais,
no próprio Rio, e o de Infantaria
Pára-quedista, em Goiânia. Somados, eles têm 5.600 homens,
mas Viegas ressaltou que não serão todos eles desviados para a
operação de combate ao crime no
Rio. Rosinha havia requisitado
4.000 homens, mas o número não
está definido.
O ministro, porém, ressalvou
que não há intenção de o Exército
"ficar mandando na polícia do
Rio", mas apenas comandando as
operações específicas.
O ministro também destacou
que, exatamente por causa dos
riscos de "acidentes" com a população civil, as tropas empregadas
serão principalmente profissionais, praticamente sem recrutas.
A Aeronáutica e a Marinha também deverão colaborar.
Preparação
O protocolo de ação conjunta
deverá ser assinado na próxima
segunda-feira, entre o governo federal e o governo do Estado. A
partir daí, a operação será deflagrada a qualquer momento: "O
desdobramento será urgente",
disse Viegas.
Conforme a Folha apurou, a
operação militar no Rio já vem
sendo preparada de forma sigilosa há meses. A inteligência do
Exército já atua, levantando inclusive quais os quadros que são
confiáveis e quais os que não são
na própria polícia do Estado.
Uma das grandes preocupações
é exatamente essa: a do vazamento de locais, datas e táticas das
operações de ocupação, o que poderia deixar os militares não só
em situação vulnerável como até
humilhante. Ou seja: invadir determinada favela e encontrar tudo
previamente "limpo".
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