São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2004

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ADMINISTRAÇÃO

Eleição na nova organização mundial Cidades e Governos Unidos ocorre hoje em Paris; prefeita ocupará cargo por 1 ano

Marta vai presidir entidade internacional

FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE PARIS

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, deverá ser eleita hoje, em Paris, a primeira presidente da nova organização mundial CGLU (Cidades e Governos Unidos).
Marta concorre numa chapa única, formada ainda pelos prefeitos de Paris, Bertrand Delanoë, e de Pretória, Smangaliso Mkhatswa. Cada um deles ocupará a presidência da entidade por um ano, num total de três anos de mandato. A prefeita brasileira foi escolhida para inaugurar a gestão tripartite. "Acho interessante o primeiro presidente ser uma mulher", disse à Folha, em Paris.
A eleição ocorrerá durante o congresso de fundação da CGLU, que reúne desde domingo cerca de 2.500 representantes de cidades dos cinco continentes, no grande anfiteatro do Palais de Congrès, em Paris. A nova organização emergiu da fusão de três outras associações: a Iula (União Internacional de Autoridades Locais), FMLU (Federação Mundial de Cidades Unidas), e Metropolis (rede de cidades com mais de 1 milhão de habitantes).
A primeira líder da entidade elegeu como prioridade a luta por uma maior autonomia das cidades. Marta pretende estabelecer uma nova relação, sem intermediários, com a ONU (Organização das Nações Unidas). "As cidades devem ter acesso direto à ONU, e acabar com essa via triangular via Habitat [agência das Nações Unidas para as cidades]", afirmou. Segundo ela, o tema será discutido com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, durante a XI UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), que ocorrerá em junho, em São Paulo.
A prefeita também quer excluir os governos federais e nacionais nos pedidos de empréstimos das cidades a organizações internacionais. "Discuti isso com o presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn. Hoje, por exemplo, a cidade de São Paulo não pode solicitar empréstimo ao banco sem passar pelo governo federal e sem entrar na questão da dívida internacional do Brasil", apontou. Segundo Marta, Wolfensohn aderiu à idéia e criou um grupo de reflexão sobre a proposta.
Para a prefeita, as cidades passaram a protagonizar um papel preponderante após a Segunda Guerra Mundial, mas suas relações com os governos nacionais e as instituições internacionais não acompanharam as mudanças. "É uma mudança que vem de 30 ou 40 anos, e mais recentemente as cidades, que passaram a abrigar mais da metade da população do mundo, passaram a requisitar um maior espaço de interlocução."
A prefeita não quis comentar as atuais polêmicas envolvendo as obras dos túneis da avenida Brigadeiro Faria Lima e a suspensão da licitação da coleta do lixo em São Paulo. "Não é prioridade. O que ocorre aqui é uma dimensão muito diferenciada, é sobre o que tenho de falar, é o que vou falar. Quando voltar ao Brasil, falarei sobre o que está acontecendo lá."
Ontem ao meio-dia, Marta inaugurou uma exposição fotográfica comemorativa dos 450 anos de São Paulo, na Catedral de Notre-Dame. No final da tarde, encerrou o colóquio "São Paulo-Paris" e, à noite, participou do jantar de gala do Congresso da CGLU, no Carrossel do Louvre.


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