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MEC quer começar novo currículo nas piores escolas
Prioridade será para colégio com nota baixa no Enem; sistema proposto acaba com a divisão entre as atuais 12 disciplinas
Segundo presidente do conselho que representa os secretários estaduais de Educação, maior dificuldade será a adaptação do professor
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação informou ontem que as escolas
de ensino médio com as piores
médias no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) serão
prioritárias para receberem as
mudanças no currículo.
A pasta pretende acabar, ao
menos em parte do sistema,
com a divisão por disciplinas,
presente no antigo colegial.
A intenção é que o projeto-piloto conte, em 2010, com cem
colégios, dos governos estaduais que aderirem à proposta.
Para a escolha dessas escolas,
haverá uma distribuição proporcional entre os Estados participantes do programa (considerando o tamanho das redes).
Dentro de cada unidade da Federação participante, deverão
ser escolhidas aquelas com piores médias no Enem.
Reportagem publicada ontem pela Folha mostrou que o
MEC encaminhou ao Conselho
Nacional de Educação proposta que prevê ajuda técnica e financeira às redes que aceitarem mudar seus currículos.
As 12 disciplinas seriam distribuídas em quatro grupos
amplos (línguas, matemática,
humanas e exatas/biológicas).
Na visão do governo, hoje o
currículo é muito fragmentado
e o aluno não vê função prática
no programa ministrado, o que
reduz o interesse do jovem pela
escola e a qualidade do ensino.
O ministério afirma que a intenção é dar condições para
que os modelos de ensino médio sejam diversificados.
O governo Lula pretende que
no ano que vem algumas redes
adotem o programa, de forma
experimental. No médio prazo,
espera que esteja no país todo.
Para entrar em vigor, a proposta precisa ser aprovada pelo
conselho, que deve referendá-la em junho. Além disso, precisa ser aceita pelos Estados (responsáveis pelo ensino médio).
A adesão, porém, é facultativa.
Segundo o projeto, as escolas
terão liberdade para organizar
seus currículos, desde que sigam as diretrizes federais e
uma base comum. Poderão decidir a forma de distribuição
das disciplinas nos grupos e o
foco do programa (trabalho,
ciência, tecnologia ou cultura).
Apoio
A presidente do Consed
(conselho que representa os secretários estaduais de Educação), Maria Auxiliadora Seabra
Rezende, afirmou que apoia a
proposta. Aponta, porém, dificuldades para a implantação do
projeto, principalmente na formação de professores.
"Hoje, o ensino médio é uma
coleção de disciplinas, com
pouca integração. Essa já era
uma preocupação dos secretários", afirmou Rezende.
"Mas a proposta precisa ser
amplamente debatida. A maior
dificuldade será a adaptação
dos professores, eles foram formados para disciplinas específicas", disse a presidente.
"Como projeto-piloto é válido", disse o presidente do Conselho Estadual da Educação de
SP, Arthur Fonseca Filho.
"Mas não haverá mudanças
nas redes enquanto o vestibular cobrar disciplinas. Grupos
mais amplos já são previstos
nas diretrizes curriculares de
1998, mas até hoje não emplacaram por estarem em desacordo com o vestibular."
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